No passado dia 2 de outubro veio a público a extinção do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, o SNMMP. A informação dava conta que devido a irregularidades no processo de constituição e estatutos do referido sindicato, o Tribunal do Trabalho de Lisboa extinguia um sindicato de trabalhadores.
Estamos perante uma ação do Estado português que deve merecer a atenção dos trabalhadores. Porque será que este sindicato é alvo desta ação por parte da justiça?
Independentemente dos preceitos legais, o SNMMP é alvo desta ação por parte do Ministério Público, porque comandou uma greve pelos direitos dos trabalhadores do sector e contra as ilegalidades cometidas pelos patrões dos transportes de mercadorias e matérias perigosas. Uma greve com significativo apoio popular, que paralisou o país, e que contou com ampla representatividade entre os trabalhadores motoristas. Inclusive alguns filiados a outros sindicatos, que não ficaram amarrados à apatia e compadrio do STRUP e da Fectrans, comandados por um PCP que à altura suportava a Geringonça.
Estamos num momento em que trabalhadores de vários sectores procuram ferramentas alternativas à falta de representatividade e independência e à inércia que tomou conta do sindicalismo tradicional, criando novos sindicatos ou batalhando pela mudança de rumo dos existentes. No mundo capitalista, o Estado é uma arma dos patrões que é usada contra os trabalhadores. Este tipo de ingerência do Estado na vida dos sindicatos, significa dizer que são os patrões que por meio da justiça estão a dizer o que os trabalhadores podem ou não fazer para se organizarem. Portanto, esta ação deve ser alvo de repúdio por parte de todos os trabalhadores, porque poderá ser usada contra todos os que ousarem lutar pelos seus direitos. Quem deve mandar nos seus sindicatos, devem ser os trabalhadores. Da mesma forma, no caso de existirem oportunistas, quem os deve retirar dos sindicatos são os próprios trabalhadores.
Por isso dizemos sem hesitar que o destino do SNMMP deve ser decidido pelos trabalhadores do sector e não por qualquer paternalismo estatal. Toda a solidariedade com os trabalhadores do sector do transporte de matérias perigosas. Não à extinção do SNMMP às mãos do Estado português.
