EDITORIAL

O que eles querem é virar o disco e tocar o mesmo

A crise governativa coloca em discussão os projetos políticos maioritários apresentados ao país. Costa, Marcelo e Rui Rio parecem desentender-se, mas representam o projeto político dos ricos de Portugal. A luta entre eles agora é pela conquista de mais deputados, mas têm o mesmo projeto estratégico para Portugal: acentuar a dependência perante a União Europeia, para que os ricos portugueses, como sócios minoritários das multinacionais europeias, continuem a lucrar sob as costas dos oprimidos e explorados.

Costa, Rio e Marcelo não vão rever as leis gravosas do Código do Trabalho. Não vão garantir o aumento geral de salários, tampouco o investimento efetivo no SNS. Não veem problemas em continuar a destruir o meio ambiente, desde que se garantam os lucros das grandes empresas.

Costa, Rio e Marcelo não medem esforços para reprimir os moradores da periferia, manter a cidade dos ricos e acentuar o racismo e a xenofobia. Também não querem implementar medidas eficazes de combate à violência contra a mulher.

Costa, Rio e Marcelo querem continuar tudo como está… E a esquerda parlamentar abstém-se de construir um projeto oposto ao vértice dos ricos e poderosos do país.

No entanto, quem vive a vida real sabe que não é sustentável manter tudo como está. A vida está mais cara e o trabalho está pior. Falta tempo, dinheiro e qualidade de vida. Falta saúde, educação, transportes. Falta habitação digna e acessível. Falta perspetiva de futuro. E quem mais vive com estas insuficiências são os setores mais oprimidos e explorados da nossa sociedade: as mulheres, os jovens, os negros e negras, ciganos, imigrantes e LGBTIs.

Não podemos ter ilusões nestas eleições, onde se contrapõem projetos iguais. Não podemos também achar que do discurso de ódio de Ventura virão melhores mudanças. Ventura quer mudar para pior.

Precisamos de construir nas ruas, nas lutas e nas greves um projeto alternativo dos trabalhadores e do povo pobre. A nossa alternativa ao sistema e aos ricos e poderosos está na construção de uma saída revolucionária e na aposta na mobilização unitária para conquistar nas lutas as mudanças de que precisamos.