EDITORIAL

Entre guerras, catástrofes e pandemias, qual a solução?

Passados dois anos de uma pandemia que matou mais de 6 milhões de pessoas e colocou em situação de pobreza e fome muitos outros milhões, o ano de 2022 fica marcado pela guerra na Europa, dando mais luz à barbárie capitalista. O aumento do custo de vida, impulsionado pela guerra de Putin, dificulta ainda mais a vida de quem conta as moedas para viver. Os governos querem colocar o custo da guerra e da retoma dos lucros sob as costas daqueles que têm menos.

A juventude que se mobiliza contra a crise climática, contra o machismo, o racismo e a LGBTIfobia, contra os recentes casos de assédio na universidade de Lisboa e contra a guerra  pergunta-se: há que ter alguma expectativa de futuro?

É momento de discutir um projeto de sociedade que se mostre como alternativa à destruição capitalista. Neste projeto não podemos ter ilusões nas instituições imperialistas como a NATO e a União Europeia.

Não é possível cair no engodo de que o reforço da NATO é a garantia da manutenção da paz. A única forma de garantir a paz na Ucrânia é defendendo a resistência ucraniana e, ao mesmo tempo, a dissolução da NATO. Tampouco devemos cair na cantiga da Europa solidária, quando o histórico da UE é de mortes no Mediterrâneo e encerramento de fronteiras. A solidariedade europeia é com os ricos, como vimos na pandemia, ou quando lhe convém.

Numa sociedade igualitária também não cabe o discurso de ódio da extrema-direita, que se vem fortalecendo com a crescente barbárie capitalista.

Pensar o futuro implica aprender com o passado. A revolução do 25 de Abril traz-nos importantes lições sobre a necessidade da unidade entre a juventude e os trabalhadores, da auto-organização dos trabalhadores e do povo, da nacionalização das empresas estratégicas e da solidariedade entre os povos. Mas também nos ensina que confiar no projeto de democracia dos ricos traz de novo a desigualdade e a pobreza, a precariedade e a destruição, a falta de perspetiva no futuro. É tarefa desta nova geração sacudir as poeiras do passado e garantir o projeto de futuro. No futuro não cabem reformismos capitalistas, não cabem imperialismos, nem opressões. Juventude e trabalhadores precisam de se unir e construir um projeto alternativo à UE, à NATO e à exploração capitalista. É hora de dizer bem alto: é necessária uma nova revolução!