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Sobre o manifesto “Mobilização Climática Global”: são precisas medidas, já! Unir estudantes e trabalhadores contra a pandemia capitalista

O manifesto “Mobilização Climática Global”, que convoca a manifestação, é assinado por diversas organizações e entidades e exige medidas necessárias para o combate às alterações climáticas em Portugal, apontando também a necessidade da mobilização para haver mudanças efetivas. Por estes motivos assinamos o manifesto.

No dia 25 de setembro voltamos às ruas para protestarmos por medidas urgentes que combatam as alterações climáticas. As mobilizações pelas questões climáticas vinham num crescendo, tendo sido contidas apenas pelo início da pandemia. Neste sentido, as mobilizações contra a crise climática são muito importantes. Se não mudamos a forma predatória como o sistema interage com a Natureza as consequências serão irreversíveis, levando inclusivamente a mais pandemias como a que vivemos atualmente. 

No entanto, queremos apontar uma limitação importante do manifesto, que, apesar de indicar que o Governo e as empresas se preocupam com os lucros e não com o futuro, não indica que este é um problema do sistema como um todo. Ou seja, é o capitalismo que faz com que os lucros estejam à frente de qualquer outra necessidade humana ou do planeta. Independentemente de quem esteja à frente dos governos ou das empresas, a lógica do sistema será sempre a mesma: os lucros acima de tudo. 

Quando o manifesto afirma “as sociedades, os Estados e as pessoas terão de cooperar e empenhar-se neste processo histórico, global e nacional, territorial e ambiental, económico e social” ignora que, uma vez que está ao serviço de garantir os lucros das grandes empresas, o Estado é parte fundamental da destruição ambiental.

É a falta desta visão estratégica que faz com que o manifesto não proponha soluções que vão diretamente contra as empresas poluidoras, como a nacionalização das grandes empresas de produção e distribuição de energia e das indústrias estratégicas. Podemos pensar – e até aprovar – várias medidas positivas para combater as alterações climáticas, mas sem acabar com as grandes multinacionais, que são as principais responsáveis pela emergência climática, não haverá solução efetiva. 

Unir trabalhadores e estudantes contra a pandemia capitalista 

É preciso construir uma ampla unidade que mobilize o povo, os trabalhadores, os estudantes. É preciso mobilizar não só para a emergência climática, mas também para emergência social que estamos a viver com a pandemia e a crise económica. Para isso, temos de unir os estudantes e os trabalhadores numa mesma luta contra a crise social e ambiental que nos afeta a todos. 

No entanto, no marco desta unidade de ação, sabemos que há diferenças importantes entre nós. Partidos como o PAN, o Livre e o Bloco de Esquerda assinam o manifesto e, provavelmente, estarão na manifestação do dia 25 de setembro. Mas se analisarmos a fundo a maioria dos programas destes partidos para a questão ambiental, vemos que, longe de apresentarem propostas estruturantes, ficam pelas medidas de incentivos e penalizações fiscais. O próprio PAN, que cavalga no espaço eleitoral da “onda verde”, tem um programa de adaptação aos efeitos das alterações climáticas. O BE, apesar de propor algumas medidas concretas, vacila em propor medidas efetivas, que permitam avançar para a mudança da nossa forma de produção. Recusam-se a apontar o único caminho possível – que é destruir o capitalismo – porque fazem um programa com uma lógica de governabilidade viável dentro do sistema burguês. Mantém a lógica da sua atuação parlamentar: garantir a estabilidade e viabilidade de um Governo no Estado burguês que, inevitavelmente, governará para os ricos, banqueiros e multinacionais e que, portanto, não poderá encarar a fundo os problemas sociais e ambientais.

Se queremos, de facto, salvar o planeta, temos de ter claro que não há capitalismo verde. Ou construímos uma nova sociedade, que esteja ao serviço da Humanidade e da sustentação ambiental, ou continuaremos sempre reféns dos governos e multinacionais, que destroem o planeta.