No passado dia 11 de janeiro uma grande manifestação tomou as ruas de Lisboa contra o racismo e xenofobia, no seguimento da operação policial na rua do Benformoso, já depois da manifestção contra a impunidade na morte de Odair Moniz às mãos da polícia na Cova da Moura. Estas manifestações puseram os pontos nos i’s, mas são ainda insuficientes, contra a máquina de propaganda e fake news dos media e redes sociais, controladas pelos grandes capitalistas, que nos passam a vida a deitar areia para os olhos.
É preciso apontar o dedo para os verdadeiros problemas: a crise na habitação, a destruição do SNS e a precariedade e baixos salários que obrigam a uma vida de trabalho sem fim. E a culpa não é dos imigrantes. A culpa é de Montenegro/PSD-CDS e dos sucessivos governos do PS, incluindo a Geringonça, que não mudaram o país. A culpa é de um país dominado pelos grandes capitalistas nacionais e internacionais, submetido às regras da UE que impedem um projeto de país social e ambientalmente sustentável.
Por isso, é preciso apontar o dedo para o sítio certo. A extrema-direita não se combate apoiando o seu discurso e agenda, como fez recentemente Pedro Nuno Santos ou faz Montenegro desde que se tornou Primeiro-ministro, mas sim com a mobilização dos mais oprimidos, mas também de toda a classe trabalhadora. Onde está a CGTP a chamar a solidarizar-se com os imigrantes? Onde está a unidade da nossa classe para resistir aos ataques em curso? Enquanto não percebermos que a nossa divisão só serve aos patrões, enquanto não soubermos de que lado estamos, a extrema-direita continuará a ganhar. E enquanto a esquerda, como o Bloco e o PCP, continuarem a propor como solução conciliar trabalhadores e patrões, enquanto continuarem a existir agentes das divisões entre efetivos e temporários, entre nacionais e imigrantes, dentro da nossa classe, nada feito.
Temos de encostá-los à parede: a estes administradores dos interesses privados, a estes ladrões de fato e gravata, que sugam o nosso suor e o nosso sangue, pois são os verdadeiros parasitas! E para isso é preciso trazer de volta a luta da classe trabalhadora, contra o governo e os verdadeiros donos do país, em unidade, mas também sem ilusões nos nossos carrascos do passado e preparada para com as próprias mãos construir a alternativa.

