Trump: o imperialismo na linha da frente dos ataques contra as mulheres no mundo
A eleição de Trump nos EUA é bastante sintomática. Assim que tomou posse, aprovou o fim das políticas de diversidade, equidade e inclusão. Atacou programas de apoio a mulheres vítimas de violência e serviços de saúde reprodutiva e acabou com o reconhecimento da identidade de género das pessoas trans. Ao mesmo tempo, avançou com deportações massivas de imigrantes, deu declarações explícitas sobre o plano de genocídio e de limpeza étnica da faixa de Gaza e, após tentar humilhar Zelensky e este recusar as concessões que Trump queria que a Ucrânia aceitasse, cortou o apoio militar à Ucrânia.
Trump representa, sem disfarces, a cara feia do imperialismo: buscando sempre a expansão dos seus lucros, sem limite para a exploração e opressão dos povos. Por isso, neste 8 de março, saímos às ruas lado a lado com as mulheres palestinianas, ucranianas, congolesas e todas que resistem aos ataques do imperialismo e lutam pelos seus direitos!
O Governo Montenegro também é inimigo das mulheres
Também em Portugal a vida das mulheres não se tem tornado mais fácil. A crise da habitação, agravada pela Lei dos Solos e a liberalização do Alojamento Local, afeta com força as mulheres trabalhadoras, que recebem salários ainda mais baixos que a média. Em 2024, pela primeira vez em dez anos, os dados revelam que a diferença salarial entre homens e mulheres aumentou. Estas mesmas mulheres, que apesar do trabalho precário muitas vezes são o principal sustento das famílias pobres, imigrantes e racializadas, são grande parte das vítimas dos despejos, cada vez mais frequentes nas periferias das grandes cidades.
A crise habitacional torna, também, quase impossível que as mulheres e pessoas LGBTQIA+ vítimas de violência doméstica deixem as suas casas. Mas Montenegro, entretanto, desvaloriza o problema da violência doméstica, afirmando que há apenas um aumento das queixas e não dos crimes. Este Governo hipócrita muito falou na suposta “sensação de insegurança” para justificar a brutalidade policial contra imigrantes, mas não tem nenhuma preocupação com os crimes de violência doméstica ou de ódio.
Para piorar, as mulheres, pessoas LGBTQIA+, racializadas e imigrantes, quando são vítimas de violência, receiam cada vez mais procurar a polícia, pois são vítimas também de abuso policial. Não esquecemos Cláudia Simões, brutalmente agredida, e Odair Moniz, assassinado às mãos da polícia, e lutamos por justiça ao lado de todas as vítimas de violência do Estado!
A saúde das mulheres em perigo pela destruição do SNS
As mulheres têm sido também afetadas pela política de desmantelamento do SNS, herdada dos anteriores Governos e continuada por Montenegro. Não bastando o fecho alternado das urgências obstétricas e pediátricas, e a cada vez maior dificuldade para se ter acompanhamento médico, o Governo quer agora obrigar as pessoas grávidas a passarem por triagem telefónica antes de ir às urgências e impedir imigrantes que ainda não tenham autorização de residência de acederem ao SNS.
O Governo bloqueou ainda vários projetos de lei que procuravam garantir o direito efetivo à IVG em Portugal, atualmente questionado pela objeção de consciência dos médicos, pela obrigatoriedade do período de reflexão e pela dificuldade de aceder aos serviços no curto prazo legal.
Além de tudo isso, o Parlamento aprovou a retirada das escolas de guias educativos sobre género, seguindo o tom dos ataques liderados pela extrema-direita internacionalmente.
Se o género nos une, a classe divide-nos: trabalhadoras em luta contra os governos, o capitalismo e imperialismo
Embora a opressão machista afete todas as mulheres, não o faz da mesma forma.
Diante do desinvestimento no SNS, algumas podem socorrer-se do privado, ou viajar a outros países para realizar IVG segura, mas outras mulheres não têm alternativa.
Enquanto mulheres imigrantes, racializadas e pobres enfrentam despejos nas periferias, as ministras que compõem o Governo detêm participações em empresas do ramo imobiliário que lucram com a especulação.
Enquanto Ursula von der Leyen mantém o apoio da União Europeia ao Estado de Israel, mulheres palestinianas lutam para sobreviver ao genocídio.
Por isso, é preciso organizar a luta das mulheres trabalhadoras, com independência e ao lado de todos os explorados e oprimidos.
Essa luta, em Portugal, começa pelo combate aos ataques do Governo, enfrentando a política de trabalho precário e baixos salários, da especulação imobiliária, de destruição do SNS e dos serviços públicos, e a agenda conservadora da extrema-direita – que vem sendo em muito assumida pelo Governo, e que quer tornar mulheres, comunidade LGBTQIA+ e imigrantes em bode expiatório para os problemas do país.
Mas não é possível levar essa luta a cabo sem enfrentar o imperialismo dos EUA, e também da UE. Por isso, nos colocamos incondicionalmente ao lado da resistência palestiniana e ucraniana, e das mulheres que são parte dela.
Esta é uma luta global contra o capitalismo e por uma sociedade revolucionária e socialista, livre de toda a opressão e exploração!

