Em defesa de uma revolução socialista!
A data de 1º de maio não é um dia de confraternização dos trabalhadores com a burguesia e os seus governos. É um dia histórico de luta, parte da memória do movimento operário mundial pela morte de operários numa greve nos EUA em 1886. É um dia de luta para hoje, porque as condições de vida só pioraram de lá para cá. Existem sinais de barbárie em todas as cidades do mundo.
As burocracias sindicais e os partidos reformistas querem evitar as lutas dos trabalhadores contra a burguesia e, por isso, neste 1º de Maio tentam mostrar uma paz social que não existe.
A burguesia promove em todo o mundo uma verdadeira guerra social contra os trabalhadores. Os governos, sejam da direita clássica ou da “esquerda”, aplicam os mesmos planos neoliberais para reduzir os salários, precarizar as relações de trabalho, acabar com a pensões e com as férias. Os hospitais e escolas públicas são objeto de desinvestimento para facilitar a privatização da saúde e da educação.
É preciso unir os trabalhadores na luta contra os planos neoliberais dos governos, sejam eles chamados de “direita” ou de “esquerda”. É preciso apostar na luta direta dos trabalhadores. Não dá para esperar pelas próximas eleições para votar por um novo governo, que vai aplicar as mesmas políticas.
A opressão cresce no mundo todo. Mulheres são cada vez assassinadas e violentadas. A violência policial mata a juventude negra nos bairros pobres. O assassinato e a violência contra LGBTs amplia-se cada vez mais. Continua o genocídio dos povos indígenas.
Os trabalhadores imigrantes são tratados com a repressão xenófoba dos governos, que buscam dividir os trabalhadores, culpando-os pelo desemprego crescente. Caravanas de imigrantes tentam entrar nos EUA e são reprimidas. Levas de imigrantes africanos são reprimidas na Europa.
É preciso unir os trabalhadores: homens e mulheres, brancos e negros, heterossexuais e LGBTs, nativos e imigrantes. A burguesia quer dividir para nos derrotar. Vamos lutar unidos contra os preconceitos que nos dividem. Vamos unir-nos para enfrentarmos o nosso verdadeiro inimigo, que é a burguesia e os seus governos, e não os nossos irmãos e irmãs trabalhadoras.
Existe uma criminalização cada vez maior dos movimentos sociais e perseguição contra os seus dirigentes, como foi o assassinato de Marielle Franco no Brasil, como é a prisão de Daniel Ruiz e a perseguição a Sebastián Romero na Argentina.
Os governos querem impor os seus planos neoliberais cada vez mais duros e reprimir os movimentos sociais para impor um retrocesso ainda maior ao nível de vida dos trabalhadores. Querem que paguemos os custos da crise internacional aberta em 2007-09.
Os trabalhadores estão a lutar em todo o mundo, com as suas greves e manifestações. As mulheres estão a protagonizar gigantescas mobilizações contra a violência e pelo direito ao aborto, tanto no 8 de março como noutros momentos. Os negros protagonizam levantes nas periferias das cidades. Só não existem mais lutas por causa das burocracias e dos partidos reformistas, que querem canalizar tudo pela via morta das eleições.
Neste dia 1º de maio de 2019, vamos afirmar em todo o mundo a disposição dos trabalhadores para lutarem contra tudo isso.
Os trabalhadores só podem confiar na sua própria luta
Você quer mudar esta situação? Não confie em quem propuser esperar as próximas eleições. Confie nas suas lutas diretas, nas greves e nas manifestações de rua.
Se depender das burocracias sindicais e dos partidos reformistas, a vida continuará sempre igual. Eles tentam sempre convencer-nos a confiar nas eleições e a esperar um governo melhor dos seus partidos nacionalistas ou reformistas. Existe uma rejeição crescente a esses aparatos. As mobilizações dos coletes amarelos, em França, são uma expressão da disposição dos trabalhadores de passarem por cima desses aparatos. A greve dos operários de Matamoros, no México, por fora dos sindicatos burocráticos tem um conteúdo semelhante.
Nós rejeitamos os governos imperialistas, a começar pelo ultradireitista Trump, com a sua xenofobia, o seu apoio irrestrito ao governo sionista de Israel contra os palestinos. Rejeitamos também os governos imperialistas de Macron (França), May (Inglaterra) e Conte (Itália).
Repudiamos os governos da direita como o de Bolsonaro (Brasil), Macri (Argentina), Duque (Colômbia), Alvarado (Costa Rica) Juan Orlando Hernández (Honduras), Piñera (Chile), Benitez (Paraguai), Inram Khan (Paquistão) e muitos outros. São governos inimigos dos trabalhadores, tendo já realizado ataques duríssimos aos nossos direitos.
Mas rejeitamos também os governos burgueses “de esquerda” que aplicam os mesmos planos neoliberais do imperialismo. São assim os governos Maduro (Venezuela), Ortega (Nicarágua), Evo Morales (Bolivia), Costa (PS, Portugal), Sánches (Estado espanhol) e Ramaphosa (CNA, Africa do Sul). Foi assim também com o governo do PT durante 13 anos no Brasil, com os 12 anos dos Kirchner na Argentina. Eles governam o país, são rejeitados pelos trabalhadores pelas políticas que aplicam, depois vão para a oposição para parecerem “bonzinhos” outra vez para voltarem ao governo através de novas eleições e fazerem o mesmo que já fizeram.
Um exemplo vergonhoso é o governo Maduro na Venezuela, mostrado como “socialista” e apoiado por grande parte dos partidos reformistas em todo o mundo. É, na verdade, uma ditadura burguesa e corrupta, representante da boliburguesia, a burguesia que cresceu à sombra do aparato de estado chavista durante 20 anos. Maduro é amplamente repudiado pelas mesmas massas venezuelanas que derrotaram o golpe do imperialismo contra Chavez em 2002. Não estamos a favor de nenhuma ingerência imperialista na Venezuela, como querem Trump, Bolsonaro, Piñera e Duque e seu representante Guaidó. Mas isso não nos faz esquecer em nenhum momento o Fora Maduro gritado pelas massas venezuelanas com o nosso apoio. Queremos que sejam as massas venezuelanas a derrubar Maduro e não o imperialismo.
Existe uma falsa consciência, divulgada pela burguesia, assim como por essas burocracias sindicais e partidos reformistas, que divide o mundo entre “direita” e “esquerda”. Isso é uma mentira.
A divisão real que existe é entre os trabalhadores de um lado e do outro a burguesia e seus governos de “direita” e “esquerda”. É entre o ataque dos governos burgueses de todo o mundo e a reação dos trabalhadores. Nós estamos ao lado dos trabalhadores e das suas lutas em todo o mundo. Nós queremos unir os trabalhadores nas suas lutas contra a burguesia, e não compor blocos com a burguesia “de direita” ou a “progressista”.
Um chamado aos lutadores de todo o mundo
Neste 1º de maio de 2019, queremos fazer um apelo duplo. Por um lado, para a mais ampla unidade de ação na luta direta dos trabalhadores contra todos os ataques dos governos burgueses, sejam de direita ou de “esquerda”.
Juntamente com isso, queremos reafirmar que um outro mundo só será possível com o fim do capitalismo, com uma revolução socialista.
Por isso, nós lutamos para que surjam novas direções para o movimento de massas, como alternativa a essas direções reformistas, essas burocracias sindicais conciliadoras com a burguesia. Lutamos por novas direções sindicais e coordenadoras de lutas, como a CSP Conlutas (Brasil) , Sitrasep (Costa Rica), Sindicato Eletricitários (Paraguai), No Austerity (Italia), Cobas (Estado Espanhol), e outras. Estamos ajudando a construir a Rede Internacional de Solidariedade e Luta, como polo para agrupar o sindicalismo alternativo de todo o mundo. Venha ajudar a construir novas direções combativas das lutas dos trabalhadores para ajudar a que as bases se rebelem contra esses burocratas em todo o mundo.
Lutamos para construir partidos revolucionários em todo o mundo. Venha nos ajudar a construir partidos revolucionários, que mantenham levantada a bandeira da revolução socialista. Chega da rotina eleitoral, do apoio às ditaduras de Maduro e Ortega, do atrelamento dos trabalhadores a setores burgueses “progressistas”.
Dizem que o socialismo está ultrapassado. Não é verdade. Não existe nada mais decadente do que o capitalismo, que nos ameaça com a barbárie já presente nas nossas cidades. O novo, o futuro é a luta pela revolução socialista, para acabar com a miséria dos nossos povos, para acabar contra a opressão sobre as mulheres, negros, LGBTs e imigrantes.
Viva o dia internacional de luta dos trabalhadores!
Todo o apoio a todas as lutas dos trabalhadores em todo o mundo!
Pela unidade dos trabalhadores, contra a opressão às mulheres, negros, LGBTs e imigrantes!
Em defesa da revolução socialista!
Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI)
28/04/2019
Texto originalmente publicado aqui.
Revisão de texto para português europeu por Em Luta.