No dia 15 de novembro, os onze membros da Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce foram intimados para se apresentarem numa esquadra, onde foram constituídos arguidos com base numa queixa-crime da Groundforce.
A acusação feita pela empresa é a de que os trabalhadores teriam supostamente cometido o crime de “ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva”, que consistiria em “afirmar ou propalar factos inverídicos, capazes de ofender a credibilidade, o prestígio ou a confiança que sejam devidos a organismo ou serviço que exerçam autoridade pública, pessoa colectiva, instituição ou corporação”.
Tais “inverdades” estariam num comunicado da CT que denuncia perseguição e assédio por parte da empresa contra os trabalhadores, quando a SPDH/Groundforce construiu uma “lista de trabalhadores grevistas”, numa escancarada tentativa de coagir a adesão à greve.
Contra a acusação de reprimir o direito de greve a empresa comete um ataque ainda mais grave, tentando criminalizar a organização representante dos trabalhadores. Melhor prova de que a empresa não respeita a autonomia sindical não há.
Este é um forte ataque ao direito de organização dos trabalhadores, que infelizmente ocorre num contexto de maior dureza por parte do próprio Governo. Na legislatura anterior, Costa, com a sustentação dos seus aliados no Parlamento – BE e PCP -, decretou três requisições civis, tornando-se num dos Governos que mais se utilizou deste recurso. Para além disso, colocou a Polícia a furar a greve dos estivadores e tentou ilegalizar o sindicato dos motoristas de matérias perigosas. Vimos esta escalada autoritária também no bairro do Jamaica e na repressão dos jovens negros que protestavam na Avenida da Liberdade.
A Geringonça teve mão dura para os trabalhadores e protegeu os patrões e nada indica que, neste governo, Costa vá mudar de lado. É esta postura que autoriza a SPDH/Groundforce a cometer tão grave ataque.
O Em Luta considera fundamental repudiar mais esta investida contra o direito de organização dos trabalhadores. Hoje são os trabalhadores do aeroporto, amanhã poderá ser em qualquer outro lugar onde nos organizemos para lutar.
Lutar não é crime! A greve, a livre organização dos trabalhadores e do povo pobre e a luta contra as desigualdades e injustiças são um direito!
Pela retirada imediata da queixa-crime contra os 11 membros da CT da SPDH/ Groundforce!
As centrais sindicais (CGTP/UGT), sindicatos e comissão de trabalhadores devem unir-se pela defesa do direito à greve e à organização sindical!