Na última semana, o ativista angolano Nito Alves foi surpreendido ao descobrir um inquérito aberto contra si, por uma funcionária do Consulado Angolano em Lisboa, pela sua participação num protesto que ocorreu em novembro de 2019. O protesto, realizado frente ao Consulado, denunciava o autoritarismo da ditadura angolana.
Nito Alves está a ser acusado de calúnia e difamação por se ter manifestado e feito críticas políticas. Não há qualquer fundamento para as acusações contra o ativista que não seja perseguição política!
Nito Alves foi parte do grupo dos 15+2, um grupo de jovens que foram presos em 2015, em Angola, por nada mais do que lerem e debaterem sobre a necessidade de lutar contra a ditadura vigente no país, que é governado autoritariamente pelo MPLA desde a independência. À época, o caso gerou enorme pressão internacional, expôs o caráter insustentável do então governo de José Eduardo dos Santos e contribuiu ao desgaste que levou ao fim do Governo.
Entretanto, o novo Governo, de João Lourenço, mostra que é apenas uma nova face para o mesmo regime, que continua a política de rapina e entrega dos recursos do país, bem como a repressão dos que lutam contra a miséria que lhes é imposta. Recentemente, no contexto da pandemia do coronavírus, a imprensa internacional chegou a noticiar que depois de ter sido decretado Estado de Emergência em Angola, até meados de maio, tinham morrido mais angolanos às mãos da Polícia do que devido ao Covid-19.
Nós, do Em Luta e da Liga Internacional dos Trabalhadores, repudiamos totalmente esta queixa criminal contra o ativista Nito Alves. Na prática, trata-se de mais uma tentativa de intimidar um ativista e lutador social que denuncia a ditadura angolana e de criminalizar a sua luta. Exigimos o arquivamento imediato do inquérito! Lutar não é crime, e o Estado português não pode pactuar com esta perseguição política a um ativista que denuncia uma ditadura! Toda a nossa solidariedade a Nito Alves!