25 de novembro é o dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. A realidade demonstra que é preciso unificar e intensificar esta luta.
Um estudo realizado pela Agência para os Direitos Fundamentais da UE demonstra que 1 em cada 3 mulheres já foi vítima de abuso sexual, físico ou psicológico e, segundo a ONU, a primeira experiência sexual de cerca de 30% das mulheres é realizada com recurso à força (45% no caso das menores de 15 anos).
Será a realidade diferente em Portugal? Vejamos. Nos últimos 11 anos, foram registados 428 assassinatos de mulheres por violência doméstica e 497 tentativas de crime. E a realidade não está mudar: as participações de violência doméstica aumentaram 50%, entre 2013 e 2015, e só em 2015 cerca de 26 700 pessoas foram vítimas de violência doméstica.
Austeridade significa mais violência contra a mulher!
A violência contra a mulher não é apenas física e psicológica, é também, no caso da mulher trabalhadora, económica e social, pois à maioria de nós são oferecidos trabalhos precários e mal pagos, quando exercemos a mesma função que um homem, recebemos 14,9% menos e, ao mesmo tempo que nos tentam convencer de que só nos realizamos se formos mães, negam-nos o direito à maternidade.
A austeridade e a manutenção das suas consequências atingem-nos em cheio, como mulheres e como trabalhadoras. Os trabalhos precários já são 42,4% no país e com contratos temporários, salários baixos e a incerteza de ter ou não emprego, estamos sujeitas a depender do companheiro ou da família.
O governo do PS, apoiado por BE e PCP, pouco faz para mudar esta realidade, mas é preciso acabar com a austeridade e recuperar tudo que nos foi roubado! Queremos salário igual por trabalho igual! Direito à maternidade! Combate efetivo à violência contra a mulher!
Só há saída para a mulher trabalhadora na luta por uma nova sociedade!
O aumento da violência contra a mulher demonstra que a crise do capitalismo aumenta a desigualdade, a exploração e a opressão. Por isso, precisamos lutar todos os dias para garantirmos os nossos direitos e melhores condições de vida. Na verdade, é preciso lutar contra a opressão e o machismo todos os dias. Mas não há saída para a mulher trabalhadora dentro deste sistema. Por isso, é preciso a unidade da classe trabalhadora de conjunto para enfrentar a austeridade, a exploração e a opressão!
Ni Una a Menos! Mulheres da América Latina mostram o caminho!
Lúcia Perez,16 anos, foi drogada, violada e morta por empalamento na cidade de Mar del Plata, Argentina. O assassinato brutal indignou o país e levou as mulheres argentinas às ruas. Realizaram, no dia 25 de outubro, uma greve de uma hora e uma massiva e grandiosa marcha de 70 mil pessoas, que se espalhou por muitas cidades da América Latina. O forte poder de mobilização demonstra que só com a luta unificada de homens e mulheres poderemos combater a violência contra a mulher.
Mulheres negras e violência social
Para nos libertarmos das correntes do sistema capitalista e racista, temos de pensar e agir sobre a condição da mulher negra, marcada pela subjugação e opressão, com consequências diretas na sua condição social, financeira e política.
À mulher negra estão reservados todos os tipos de violência física e psicológica em casa e na sociedade, sendo duplamente explorada e oprimida.
Desde os primeiros anos de vida, é marginalizada e desumanizada, pois o racismo está enraizado nas instituições. Já mulher, cabem-lhe os trabalhos de “porta de fundos” na limpeza e servidão doméstica, sem valorização das suas capacidades intelectuais e onde o assédio persistente é o “prato do dia”.
O seu corpo é constantemente alvo de objetificação e fetichismo sexual. A falta de representações positivas na comunicação social reforça esta problemática. Têm de suportar, diariamente, o peso de uma sociedade que não foi desenhada para as integrar e que as invisibiliza e mantem na base da pirâmide social.