Em Luta – Por que escolheu Portugal para viver?
Wael Samer – Tentei responder a esta pergunta muitas vezes e cheguei a esta resposta: eu não escolhi Portugal, foi Portugal que me escolheu. Portugal é que é me escolheu, porque Portugal é um dos principais países no que toca à segurança, é um dos quatro países mais seguros neste planeta, e eu vim da Palestina, o que significa que eu sobrevivi, de uma forma ou outra eu sobrevivi. Escolhi Portugal também por causa das pessoas que conheci mais cedo na minha vida. Elas eram portuguesas e foram muito bondosas e acolhedoras, o que não tinha visto noutros povos europeus. É por isso que eu me senti bem-vindo em Portugal, é por isso que eu costumo dizer que Portugal escolheu-me a mim.
EL – Nasceste na Cisjordânia e lá vivias. A tua família vive lá?
WS – Tenho família na Cisjordânia e tenho família em Gaza, mas ontem recebi uma notícia que algumas pessoas da minha família em Gaza foram mortas, e já recebi informação do nome dessas pessoas, mas decidi que não vou ver os seus nomes porque… não tenho força. E na noite passada só tive uma pergunta, que é se o meu pai e a minha mãe estavam bem. Se eles estiverem bem, ok, então eu consigo. Eu senti-me egoísta, porque eu só me preocupei com a minha família próxima, o meu pai e a minha mãe, eu não queria dizer isso, nem sentir isso, mas surge como um alívio.
EL – Tem irmãos?
WS – Sim, irmãs e irmãos.
EL – E vivem na Cisjordânia?
WS – Sim, a minha família próxima vive na Cisjordânia, mas eu sinto que vai ser o mesmo, quer eles estejam em Gaza ou na Cisjordânia, é uma questão de tempo. Nós temos um provérbio na Palestina que diz que “aquele que está à espera e a ouvir os gritos, sofre mais do que aquele que está a ser torturado”. Porque esta pessoa está à espera de ser torturada.
EL – Como a ocupação israelita impactou a sua família?
WS – A minha família é original de Nablus, mas depois de 1948 [com a nakba (catástrofe), a ocupação israelita] muitos fugiram para Gaza, Egito, Líbano, Iraque, Jordânia, Síria e Brasil, alguns sítios na Europa, América… A ocupação dividiu a nossa família em bocados.
EL – Apesar de espalhados pelo mundo, os teus familiares ainda mantêm contacto entre si?
WS – Alguns de nós estão conectados, outros não sabemos porque não conseguimos… Já foram geração atrás de geração. Esta é a 4ª geração. Alguns – os jordanos, os iraquianos, os egípcios e os brasileiros nós sabemos deles; com os outros não temos contacto.
EL – Conseguem reunir-se algumas vezes?
WS – Para nos encontramos fisicamente como uma família unida é impossível em toda a Palestina, porque ou tens alguém que foi martirizado, ou alguém que está preso, ou alguém que está no exílio, como eu, ou alguém que está desaparecido, ou alguém que está a trabalhar nos territórios de 1948.
EL – Há momentos em que as pessoas se encontram, datas importantes, nessas datas há o encontro de famílias ou de alguns familiares que se podem encontrar. Nesses encontros, do que falam? Qual é o tema principal da conversa? A questão palestiniana está sempre muito presente, não é?
WS – Quando nos reunimos, as conversas são diferentes de acordo com a geração que se está a reunir. Por exemplo, se é a geração jovem a reunir, nós falamos sobre os nossos interesses, como cada um de nós está a trabalhar, como a vida nos distribuiu em diferentes lugares, falamos sobre como sentimos a falta uns dos outros, porque nós não tivemos uma infância para nos reunir. Se é a geração mais velha, eles falam de como eles se reuniam quando eram crianças, porque eles partilham memórias desses encontros. Por exemplo, o meu pai e os seus primos falam das memórias de quando eles eram crianças, antes de 1967 [Guerra dos Seis Dias, entre Israel e países árabes (Síria, Egito, Jordânia e Iraque), em que Israel anexou a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, as colinas de Golã, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental].
EL – Existe alguma história que tenhas escutado dos teus pais ou dos teus avós que te tenha marcado muito?
WS – Eles sempre falavam sobre as reuniões e sobre férias e viagens para a praia no Mediterrâneo, e como eles conseguiam chegar lá rapidamente, em meia-hora eles conseguiam ir da minha casa para a praia. O meu pai costumava dizer-me que se as coisas estiverem bem ele me levaria à praia, e eu tenho ouvido isso toda a minha vida, antes de eu vir para a Europa e ver a praia aqui. Nunca vi uma praia do Mediterrâneo, nem nunca vi a praia na Palestina.
EL – Nunca viste a praia na Palestina, mesmo que esteja a 30 minutos de casa?
WS – Nunca vi, mesmo que esteja a 30 minutos da minha casa não posso ir, porque mesmo que eu quisesse ir teria de ter um visto no meu país. Mas se um europeu, um americano ou canadiano quiser, ele poder visitar o meu país todo. Mas eu não posso. Tu és mais palestiniano no meu país do que eu. Por exemplo, quando voltei a Lisboa da Palestina levei 40 horas para chegar aqui, mas se a pessoa quer ir a Israel, a Tel Aviv, demora 4 horas de Lisboa a Telaviv. Nós não temos aeroporto. Imaginem que vocês querem marcar uma viagem e têm de ir ao aeroporto de Madrid.
EL – Claro, a Cisjordânia não tem aeroporto.
WS – Não tem aeroporto, e por isso temos de ir ao checkpoint palestiniano, depois ao checkpoint israelita, depois ao checkpoint jordano, depois ir a Amã, a capital da Jordânia, e depois da Jordânia, como não há voo direto para Portugal, temos de ir para Milão, de Milão para Barcelona, de Barcelona para Portugal. É muito tempo, e vocês podem imaginar em cada aeroporto, quando olham para o meu passaporte é isto: Que passaporte é este? De onde vens? E eles olham para onde está escrito Palestina, mas não há Palestina. E depois eles perguntam: quer dizer Cisjordânia? E eu: Não. Palestina. Aí eu digo Cisjordânia, como se agora a Palestina fosse somente a Cisjordânia e esquecem. Agora o controlo da autoridade palestiniana sobre a Palestina é de 8% do território, de todo o território palestiniano, e estamos a perder cada vez mais por causa dos colonatos, que vão ficando maiores e maiores e maiores.
EL – Como é este crescimento dos colonatos?
WS – Há cidades como Hebron e Ramallah em que os colonatos estão dentro das cidades; isso quebra a unidade. Há outros casos, como Nablus, uma cidade de 500 mil pessoas, em que os colonatos estão à volta da cidade, mas vão crescendo mais e mais, ameaçando-a. Voltando ao caso dos colonatos dentro das cidades, há situações em que colonos e população palestiniana estão no mesmo edifício – por exemplo, piso 1 palestinianos, piso 2 israelitas. E depois eles fazem algumas coisas para forçar os palestinianos a abandonarem as suas casas. Tu podes imaginar: quando gangsters vivem em cima de ti, e em baixo e atrás, e tu vais te sentir aterrorizado porque tens crianças, filhos e filhas, e queres viver bem, e criá-los bem.
EL – Como viram o que aconteceu a 7 de outubro?
WS -Íamos recebendo notícias de que as pessoas quebraram o apartheid e os checkpoints de Gaza, que tem sido cercada e bloqueada desde há 17 anos; de como “eles escaparam da prisão em Gaza”. Esta foi a primeira impressão. Eu e a minha família temos vivido a ocupação desde 1948, e sabemos que o 7 de Outubro foi uma tentativa de resistir, um ato de resistência. No entanto, o mundo ocidental vê-o como um ataque a Israel… Como é que pode ser um ataque se é uma resposta em relação à origem do problema, que é a ocupação, o colonialismo e a política de colonatos, o genocídio, a política de apartheid, bloqueio e cerco a Gaza?
EL – Israel diz que estão a bombardear Gaza para destruir o Hamas…
WS – O que está a acontecer agora não tem nada que ver com o 7 de Outubro. O que está a acontecer agora é maior em dimensão, não é um olho por olho, é mais do que isso, apoiado pelos EUA, pela União Europeia, financiado pelo Reino Unido. Quando falamos sobre o dia 7 de Outubro, as pessoas na média ocidental trabalham como se a vida fosse aceitável antes do 7 de Outubro. Mas a vida antes de 7 de outubro não era ok em toda a Palestina e particularmente em Gaza. Eu perceciono-me como uma pessoa otimista, eu iria dizer que agora ao menos mais pessoas sabem sobre Gaza, eu sei que eles sabiam sobre o Hamas, mas eles não sabiam sobre Gaza, não falavam sobre. Agora pelo menos sabem que Gaza está cercada e bloqueada, é uma prisão a céu aberto há 17 anos, o que é muito importante, isto está na média agora.
EL – Qual seria então o projeto de Israel?
WS – Eles [Israel] estão a tentar expulsar as pessoas para o Sinai, no Egito. Desta forma, eles eliminam pessoas em Gaza, dizendo que eliminaram o Hamas, mas eles estão a matar muitíssima gente para empurrá-las para o Sul, e ainda assim matam pessoas no Sul. Eles querem que estas fujam para ver como única solução a fuga de Gaza. É a mesma coisa na Cisjordânia, nós palestinianos na Cisjordânia sabemos disso. Se Gaza está acabada, nós estamos acabados. A Cisjordânia está na fila.
EL – Mas na Cisjordânia não governa o Hamas…
WS – A causa palestiniana e o que tem acontecido na Palestina é mais antigo do que o Hamas, nunca foi sobre o Hamas e Israel, é sobre a Palestina e o colonialismo israelita. Tem sido sempre a causa palestiniana, uma causa de resistência, o exemplo de um povo oprimido e um povo opressor, colonialismo contínuo. A causa Palestina tem 75 anos, desde 1948. Na Cisjordânia não tem Hamas, e ainda assim as pessoas morrem, sofrem e são colocadas perante o fogo de armas semiautomáticas distribuídas ao povo israelita para se “defender” dos palestinianos.
EL – Mas o Hamas venceu as eleições parlamentares de 2006 na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.
WS: Sim, isso é correto, mas desde então eles (Israel) eliminaram o Hamas na Cisjordânia e, em segundo lugar, existe a Autoridade Palestiniana e o seu partido a controlar a Cisjordânia, o que significa que o Hamas não tem poder, mesmo que haja pessoas que secretamente apoiam o Hamas, mas que são detidas. Conseguimos entender isso pelo que aconteceu desde o dia 7 de outubro: estavam 5 mil pessoas presas nas prisões israelitas, e agora estão 12 mil. São 7 mil palestinianos da Cisjordânia, detidos pela suspeita de que possam fazer algo.
EL – Além desses 12 mil presos políticos, há ainda mais 4 mil que trabalham em Israel que foram presos depois de 7 de outubro.
WS – Exatamente, porque há mais de 400 mil palestinianos a trabalhar nos territórios atribuídos em 1948, no que se chama agora de Israel. 4 mil pessoas foram feitas prisioneiras sumariamente só de forma preventiva, sem sentença sem acusação; metade são de Gaza. Isso mostra que nunca foi sobre o Hamas, é genocídio, é apartheid, é colonialismo.
EL – Como estão a ser avaliadas pelos palestinianos as consequências do 7 de Outubro?
WS- Se existissem eleições democráticas neste momento, o Hamas iria vencer novamente, na Cisjordânia até mais do que em Gaza. Porquê? OHamasganhou as eleições em 2006 porque de 1994 até 2006 a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) não fez nada e está comprometida com os israelitas. As pessoas palestinianas, em 2023 ou em 2024, fariam o Hamas ganhar novamente pela mesma razão. Desde 1994, ou desde 2006, a OLP não fez nada. As pessoas estão fartas, não querem negociação, não querem acordo.
EL – Como acabar com o genocídio em Gaza?
WS: Eu diria que, no curto-prazo, em relação ao que está acontecer agora, seria um cessar-fogo imediato sem condições e uma troca de reféns e prisioneiros. As pessoas dizem que o Hamas irá magoar os israelitas que eles raptaram,;eu diria que o Hamas, de uma perspetiva palestiniana, valoriza mais estes reféns do que Israel. Como? Eu explico: para Israel um refém equivale a uma vida, para o Hamas cada um deles vale 100 prisioneiros palestinianos, sendo assim, eles são mais valiosos para o Hamas do que para Netanyahu. Nós, palestinianos, vemos os reféns como uma esperança para limpar as prisões israelitas.
EL – Como vencer Israel a longo prazo?
WS – A longo prazo acho que é existir. Existir é resistir. Resistir sempre. Resistência de todas as formas. Resistência não significa sempre armas, pode significar uma caneta. Eu próprio acredito que podemos derrotar Israel através da educação. É isso. se formos suficientemente educados, se formos uma população educada, saberemos, desde que leiamos história, leiamos antropologia, desde que conheçamos os nossos direitos e façamos leitura da lei, saberemos defender o nosso lugar. Alguns de nós preferem a caneta, outros de nós, como em Gaza, tiveram que preferir outra coisa. Não têm outra solução. As pessoas aqui na Europa perguntam-me porque as pessoas em Gaza apoiariam o Hamas. Na minha opinião diria que é porque não têm outra solução. Eles veem e observam as suas terras a serem tiradas e ninguém está a fazer nada. A OLP ou Autoridade Palestiniana não está a fazer nada. Por isso preferiram alguém que lutasse. Eu própria faria um acordo com o Diabo para me libertar.
EL – Muitos defendem a solução de dois estados, um palestiniano e outro israelita. O que achas dessa alternativa?
WS – Uma sociedade de um estado não pode resultar, porque iria existir um estado com pessoas de primeira classe e pessoas de segunda classe. Os palestinianos seriam as pessoas de segunda classe e os israelitas os de primeira. Sendo assim, a solução de um estado não tem possibilidade. A solução de dois estados também não teria. Para os israelitas, se tu perguntasses, eles diriam que só acreditam numa solução de um estado que é Israel. Contudo, para os palestinos, eles também diriam que “nós acreditamos numa solução de um estado que é a Palestina incluindo judeus, cristãos, muçulmanos, etc.” Nós, como palestinianos, podemos viver lá sob o nome de Palestina, independentemente da religião.
EL – A solução dos dois estados foi negociada nos Acordos de Oslo.
WS – Yasser Arafat fez os Acordos de Oslo em 1994 para a solução dos dois estados. Nós assumiríamos o controlo de 22% da terra e eles controlariam 78%, contudo nada disto está a acontecer. Israel, o seu governo e a sua população não querem a solução dos dois estados, erguem muros de apartheid entre cidades palestinianas, não nos deixam controlar os portos, as fronteiras, a eletricidade, o combustível, as comunicações, não nos permitem ter um aeroporto… Eles não querem ter um estado palestiniano ao lado do seu, isso será impossível para eles, ter um inimigo direto a viver ao lado deles… É por isso que eles estão a arrasar Gaza, porque não acreditam na solução de dois estados. Como é que eles concordam com a solução dos dois estados e estão a bloquear Gaza há 17 anos? E eles não querem ligação entre Gaza e a Cisjordânia. E agora nós temos só 8% (da terra)… A Cisjordânia é como se fosse as Maldivas, está a encolher, é uma terra que está fatiada e dividida e cercada por colonatos israelitas, e isso exemplifica que Israel não acredita numa solução de dois estados.
EL – Voltemos ao que foi dito no início quando referias que a Cisjordânia se transformará numa nova Gaza, que os israelitas querem expulsar os palestinianos para o Sinai.
WS – O que Israel está a fazer em Gaza é uma operação muito rápida, uma operação muito direta. O que está a acontecer na Cisjordânia é uma operação indireta para as pessoas irem embora. Estão a empurrar as pessoas para saírem de Jerusalém, agora apenas 15% das pessoas em Jerusalém são palestinianas, o que significa que estão a empurrar, forçar as pessoas. Em Hebron 80% das pessoas são palestinianas, mas as percentagens estão a reduzir. Em Nablus estão a encolher, passo a passo. Desta forma indireta estão a obrigar as pessoas a sair. Eu sou um exemplo disso. Eu próprio não entendo que possa ter uma família lá. Eu não poderia ter uma família lá, não me posso casar lá, por muitas razões diferentes. E isto é uma das formas indiretas de obrigar as pessoas a sair, de mostrar às pessoas que a única solução é ir embora, sair da cidade, sair do país. Acham que se a juventude palestiniana tivesse possibilidade de ir embora, de viajar, de trabalhar na Europa, quantos ficariam? Poucos ficariam porque muitas pessoas sentem que não podem viver, mas mesmo assim tentam.
O que estou a dizer é que não quero trazer uma família à existência e viver a mesma vida que eu vivi. Eu gostaria que tivessem nacionalidade palestiniana, de conhecer a sua terra, o seu lugar, mas não quero viver a mesma vida que vivi. Eu estou bem com isso, porque nasci e esta é a minha vida, mas não quero ter filhos e ver sangue todos os dias, rockets todos os dias, ver o exército todos os dias. Não é uma vida natural. Vim para a Europa e vejo crianças a viver vidas normais. É a vida que os nossos filhos merecem viver. Talvez não tenha família na Palestina, mas sim aqui.
EL – Mas desta forma, sem juventude, como se vai fazer?
WS – Isso não significa que todos iremos embora. São os jovens que acreditam que podem alcançar a vitória no exterior, onde podem ir para aprender, para espalhar a verdade sobre o que está acontecendo em nosso país e depois voltar carregando muitas capacidades e habilidades que fazem do meu país um país melhor. O que quero dizer é que quero muito ter uma pátria livre e usufruir de todos os meus direitos, quero ver o mar no meu país e ter o nosso próprio aeroporto, onde o piloto do avião diga: bem-vindos, vocês chegaram à Palestina. Todos sonhamos com este dia, quando possamos viver em paz. É por isso que me vejo fazendo tudo ao meu alcance para transmitir o sofrimento que vivemos, para que o mundo inteiro possa conhecer a forma correta do romance. Ao mesmo tempo, quero viver o sonho de constituir família. Se isso não for possível na terra da Palestina livre, espero que os meus filhos o consigam fazer.
EL – Qual a forma mais eficaz de as pessoas na Europa demonstrarem a sua solidariedade com o povo palestiniano?
WS – Nas ruas. As ruas são a única forma de mostrar solidariedade, a única forma que faz com que o Governo escute as pessoas. Vi isso antes em França. Vi isso acontecer de formas diferentes, em sítios diferentes, e foi sempre nas ruas. Nos EUA, 48 estados foram às ruas por George Floyd, lembram-se? As ruas, sempre as ruas. Obrigado pela entrevista.

