Internacional

Genocídio em Gaza: 6 meses de horror e resistência

Os residentes de Khan Younis, no sul de Gaza, regressaram à sua cidade depois do exército israelita tê-la abandonado. “É tudo apenas escombros”, disse um antigo morador. “Animais não podem viver aqui, então como um humano poderia viver?”

Mariam tem razão. Já nos é insuportável ver as imagens, ouvir os relatos, ler sobre tudo o que acontece em Gaza há mais de 6 meses. Ao mesmo tempo, sabemos que é fundamental que essas imagens e esses relatos continuem a ser divulgados. É graças a isso que o estado de Israel está a ficar cada vez mais isolado; que as maiores manifestações de solidariedade internacional desde a guerra do Vietname enchem ruas e praças em todo o mundo; que a verdadeira história do povo palestiniano, vítima da colonização e limpeza étnica israelita há mais de 75 anos, venha sendo revelada amplamente ao mundo.

Por que o genocídio não acaba?

Quando sete funcionários da World Central Kitchen, organização que presta auxílio alimentar em áreas de conflito, foram mortos em Gaza devido a um ataque de Israel pareceu que o inabalável apoio do imperialismo norte-americano e europeu à agressão começara a mostrar fissuras. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden sugeriu, pela primeira vez, que esse apoio estaria a vacilar. No Reino Unido, o secretário de Relações Exteriores, David Cameron, disse que esse apoio “não é incondicional”.

Só palavras, pois até agora nenhuma medida concreta, como o corte da ajuda militar que esses dois países fornecem a Israel, foi adotada. O abalo provocado pelo ataque aos trabalhadores da World Central Kitchen deveu-se, em grande medida, pelo facto de serem, em sua maioria, nacionais de países não árabes, como Grã-Bretanha, Austrália, Polónia, Canadá e EUA, e apenas um palestiniano. Os quase 200 trabalhadores humanitário assassinados até agora por Israel não provocaram a mesma comoção.

Além do apoio político e militar a Israel fornecido pelo imperialismo, grato pelo papel de cão de guarda cumprido pelo estado sionista na defesa de seus interesses na região, há uma segunda razão importante para a manutenção do genocídio. A cumplicidade e a covardia dos governos árabes, apesar das gigantescas mobilizações contra o genocídio protagonizadas pelos seus povos. Estamos muito distantes dos anos 60, quando Síria, Egito, Jordânia e Iraque, apoiados pelo Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, enfrentaram Israel na denominada Guerra dos Seis Dias.

Como acabar com o genocídio?

Não sair das ruas, aumentar a mobilização contra Israel, mas também não defender propostas hipócritas e enganadoras como a solução dos dois estados – Palestina e Israel. Esta proposta não é justa, realista ou exequível, como demonstrado no passado, nos Acordos de Oslo, na década de 1990, mas também agora, com a expansão dos colonatos na Cisjordânia e o bombardeamento de Gaza.

O assassinato de mais de 33 mil palestinianos em Gaza e outras centenas na Cisjordânia, em grande parte mulheres e crianças, mas também os corajosos combatentes da resistência palestiniana, não deixa margem a dúvidas. A libertação da Palestina, com a derrota do estado sionista-fascista de Israel, só será obtida através da luta dos palestinianos, em aliança com os trabalhadores e jovens de todo o mundo, para a construção de um estado laico, democrático e não racista, onde todos os credos e nacionalidades possam viver em paz.


[1]https://www.aljazeera.com/opinions/2024/4/6/palestinians-and-the-world-must-not-lose-hope