Internacional

Tragédia em Valência: a classe trabalhadora paga as consequências das alterações climáticas

Nos últimos dias vimos imagens espantosas das consequências da DANA (Depressão Isolada em Altos Níveis), fenómeno meteorológico que gerou chuvas torrenciais na região de Valência, no Estado Espanhol. Casas e residências de idosos foram inundadas, carros amontoaram-se pelas ruas levados pela correnteza, pessoas ficaram presas, o 112 entrou em colapso… O número de mortos já chegava a 200 em 1 de novembro, mas não se pode descartar que seja maior, porque ainda há pessoas desaparecidas

O que estamos a viver hoje em Valência é a consequência natural da inação por parte de governos, empresas e instituições frente às alterações climáticas e o resultado dos cortes nos serviços públicos, como os feitos por Carlos Mazón (PP), presidente da Generalidade Valenciana, suprimindo a Unidade Valenciana de Emergência.

Seguramente, muitas das mortes e o caos gerado poderiam ter sido evitados se o governo valenciano tivesse ativado muito antes o alerta da proteção civil. A Agência Estatal de Meteorologia (AEMET) avisou sobre os fenómenos meteorológicos adversos no domingo 27 de outubro, mas o alerta em Valência só chegou na terça 29 às 20 horas, quando a catástrofe já estava em marcha e a avançar.

Tampouco nos serve de nada e nos indigna profundamente o chamado tardio da senhora ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, pedindo responsabilidade às empresas e apelando ao artigo 14 da Lei de prevenção de risco laborais…

O resultado? Dezenas de desaparecidos, empresas obrigando os seus trabalhadores a irem trabalhar e duas centenas de mortos/as. Uma vez mais fica demonstrado que, sob o capitalismo, os lucros valem mais que nossas vidas e somos nós, a classe trabalhadora, que pagamos as consequência do desastre do meio ambiente que insistiram em negar que existisse ou que nos pudesse afetar.

Exigimos a imediata demissão de Carlos Mazón, a investigação de todas as empresas que colocaram os seus trabalhadores em perigo, sendo assim responsáveis diretos pelas suas mortes. Que todas sejam sancionadas, a começar pela Mercadona e empresas de entrega em domicílio.

Queremos também enviar a nossa solidariedade às pessoas afetadas e os nosso mais sinceros pêsames aos familiares e amigos dos que perderam as suas vidas nessa tragédia. Mais nenhum ataque à classe trabalhadora.

Hoje, é mais necessário do que nunca nos organizarmos para enfrentar a emergência climática e os ataques da burguesia, para não continuar a pagar pelas suas consequências com nossas vidas. Precisamos de medidas urgentes que façam frente às mudanças climáticas e estejam ao serviço da classe trabalhadora e do povo, e não das empresas e dos seus bolsos.

Cortar serviços públicos mata. O capitalismo mata. Hoje, mais do que nunca, organizar-se é uma necessidade para sobreviver.

Por: Corriente Roja