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Rejeitar o Pré-Acordo na Autoeuropa que tenta derrotar a vitória da providência cautelar

A vitória da Providência Cautelar interposta por um grupo de trabalhadores contra a obrigatoriedade do trabalho ao domingo veio provar o que os trabalhadores diziam desde o início: o trabalho ao domingo era uma imposição ilegal da empresa. O Pré-Acordo negociado pela Comissão de Trabalhadores (CT) com a Administração da Autoeuropa tenta derrotar esta vitória.

Há mais de um ano que os trabalhadores da Autoeuropa têm vindo a lutar contra a imposição do trabalho obrigatório ao fim-de-semana. Em novembro de 2017, foram votados em Assembleia a proposta de um grupo de trabalhadores contra o Pré-Acordo para o trabalho obrigatório ao fim de semana, negociado entre a CT e a Administração, e uma greve de 2 dias para lutar por uma alternativa para os trabalhadores.

A CT ignorou a proposta do plenário e permitiu que a imposição avançasse, fazendo com que hoje os trabalhadores da Autoeuropa já trabalhem 7 dias por semana, num setor que, ao contrário de hospitais, bombeiros ou mesmo alguns aeroportos de emergência, não tem qualquer necessidade que obrigue a laboração contínua.

Os trabalhadores sempre disseram que a única razão para impôr o trabalho ao domingo era a ganância da empresa, pois em vez de investir na expansão da fábrica para garantir a produção necessária do novo modelo, impôs aos trabalhadores horários exaustivos, contra a saúde e vida social e familiar. Disseram também que a imposição dos horários previstos era ilegal, pois contrariava o Contrato Coletivo vigente no setor, que não permite trabalho obrigatório ao domingo relacionado com a montagem automóvel.

CT e sindicatos abandonaram trabalhadores na luta contra novo horário

Além da CT, também todos os sindicatos do setor alegavam a legalidade da imposição e apoiaram-na, recusando-se a dar corpo ao que os trabalhadores votaram em Plenário: chamar 2 dias de greve para combater a imposição da empresa.

Foi vendo que os seus representantes traíram as reivindicações dos trabalhadores que o grupo de trabalhadores “Juntos pelos trabalhadores da Autoeuropa” resolveu não baixar os braços e impulsionou, com centenas de outros colegas, a recolha de dinheiro para interpor uma Providência Cautelar que demonstrasse a ilegalidade do trabalho ao domingo.

No passado dia 8 de outubro, o Tribunal do Barreiro deu razão aos 8 trabalhadores. Esta vitória veio demonstrar a mentira da Administração e a falência da CT e Sindicatos na sua (in)capacidade de defesa dos trabalhadores. A Administração rapidamente se apressou a dizer que isso seria apenas para aqueles 8 e que para os restantes ficava tudo igual.

Para dar continuidade a esta vitória – que tem de ser para todos – o grupo Juntos dinamiza neste momento o processo de uma nova providência cautelar para que esta vitória seja para todos os trabalhadores e não apenas para os abrangidos no caso já julgado, ao mesmo tempo que, com outros colegas, resolveu chamar à fundação de um novo sindicato (ver caixa anexa) que seja um representante consequente dos trabalhadores e das suas lutas.

Novo Pré-Acordo na fábrica quer derrotar a vitória dos trabalhadores

O Pré-Acordo que a Administração se apressou a fechar com a CT – e que vai a votos no início de novembro – tem por objetivo derrotar a vitória alcançada com a Providência Cautelar. Não teria existido aumento das compensações sem este processo, pois a Administração acena com uma compensação monetária para tentar fazer esquecer que legaliza como regra e para sempre o trabalho obrigatório ao fim-de-semana.

Os trabalhadores  da Autoeuropa têm estado firmes desde o início. Hoje sentem na pele que os novos horários são uma desgraça para as suas vidas. A Providência Cautelar demonstra que, contra ventos e marés, é preciso continuar a lutar para derrotar esta imposição. Por isso, só a rejeição do novo Pré-Acordo pode permitir continuar a batalha para que o trabalho ao fim-de-semana não se torne obrigatório para sempre e para que os trabalhadores possam ter a sua saúde e vida familiar de volta.

O Em Luta acompanhou desde o início a luta dos trabalhadores, tendo sempre estado contra o trabalho obrigatório ao fim-de-semana. Hoje, mais uma vez, podem contar connosco para rejeitar o novo Pré-Acordo e a imposição da Administração, que não desiste de fazer lucros de milhões à custa da saúde de quem trabalha. A luta e vitória da Autoeuropa será exemplo para o setor e para todos os trabalhadores pelo país e mundo que enfrentam o mesmo tipo de problemas.