No dia 27 de dezembro de 2019, os trabalhadores da Portway entraram em greve. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil decretou a greve após uma quebra nas negociações para a assinatura do novo acordo de empresa.
À semelhança de outros sectores de atividade o Handling viu-se severamente castigado no período da Troika, enquanto os patrões tiveram carta branca para liberalizarem e congelarem a progressão nas carreiras dos trabalhadores.
À semelhança dos professores, os trabalhadores da Portway batem-se pelo descongelamento das carreiras, mas também lutam contra a impunidade da empresa, que, repetidamente, infringe as leis, desrespeitando direitos elementares, como o descanso dos trabalhadores e as suas horas de refeição, e faltando também regularmente com o pagamento das horas-extra, num sector onde o número de trabalhadores – temporários e dos quadros – não supre as necessidades do trabalho.
Os trabalhadores do Handling continuam a sustentar a ganância desmedida de empresas como a ANA/Vinci e a Ryanair, que lucram centenas de milhões, mas praticam horários que chegam até aos 17 turnos diferentes, com constantes trocas de horário, investimentos simbólicos em equipamentos e infraestruturas de apoio ao trabalho, obrigando os trabalhadores a pagarem com a sua saúde o avanço desmedido do turismo em Portugal.
A proliferação do trabalho temporário exponencia ainda mais os abusos patronais, criando trabalhadores com ainda menos direitos e muito mais precários, alvos fáceis do despedimento precoce e da sobrecarga do volume de trabalho.
A este quadro, que muitos reconhecerão como normal ou até inevitável, devemos revidar! Trabalhar não deve significar entregar qualidade e anos de vida, tampouco devemos aceitar a sazonalidade do Verão IATA (março a outubro), que tem sido um dos pilares do trabalho temporário no Handling.
É preciso arrancar das direções sindicais demasiado concentradas nas negociações à porta fechada, lutas e reivindicações que correspondam ao conjunto dos trabalhadores. Para obtermos as vitórias que queremos, o tempo para desfrutar da nossa vida privada, a redução da sobrecarga de trabalho e o fim do trabalho temporário, é preciso conquistar o estatuto de profissão de desgaste rápido para o Handling!
Seja no Handling seja no Call-Center, na estiva ou em outros sectores, os trabalhadores devem organizar-se, tomar e tornar os seus sindicatos e CT’S em ferramentas de unidade para de forma independente fazerem valer as suas reivindicações contra uma política estatal na qual os direitos laborais escasseiam e a ditadura da competitividade prolifera; devem romper o pacto da Concertação Social, onde o Big Brother – na forma do Governo – persegue as lutas e isola os sectores (como fez a Geringonça e previsivelmente fará o atual Governo PS) e a mão pequena das Centrais Sindicais desmoraliza e despolitiza os trabalhadores através das greves de calendário (muitas das vezes desconvocadas) e as rondas negociais isoladas e intermináveis.
Digamos um basta! Façamos como os trabalhadores da Portway e lancemo-nos à luta para garantirmos o cumprimento dos nossos direitos, bem como um estatuto condizente com a atividade que desempenhamos à custa de assinalável sacrifício pessoal. Construamos uma greve geral do Handling para revertermos a austeridade!
O Em Luta está com a greve dos trabalhadores da Portway!