No dia em que a Volkswagen Autoeuropa aumenta a laboração para 16 horas diárias em dois turnos é anunciado a confirmação de um caso de Covid-19 dentro da fábrica. O trabalhador infetado é funcionário do sector da logística contratado pela Volkswagen Group Services, que é também propriedade do Grupo Volkswagen.
Após contestação dos trabalhadores, a fábrica suspendeu a produção no dia 16 de março utilizando-se do recurso aos downdays (dias de não produção pagos a 100%). Esgotados estes dias, a multinacional anunciou o recurso ao layoff simplificado e o retorno progressivo da produção.
A volta ao trabalho é ainda parcial, de um total de cerca de 6000 funcionários diretos da Autoeuropa e mais 10000 nas restantes empresas fornecedoras, até hoje (11 de maio) estavam a laborar apenas dois turnos com 6 horas de trabalho que agora voltaram a funcionar com 8 horas de produção, só não trabalhando aos fins de semana e no turno da noite.
No momento do retorno à produção a administração da empresa anunciou a garantia das medidas exigidas de contenção do vírus: máscaras, álcool em gel, aumento da frota de autocarros, etc. No entanto o necessário distanciamento social de 2 metros entre cada pessoa é praticamente impossível quando se trabalha numa linha de produção. Pelo convívio direto e quotidiano de milhares de pessoas, nitidamente o complexo industrial é um potencial foco de transmissão do vírus. Não queremos que apareça um novo caso como da fábrica da Avipronto na Azambuja que já conta com mais de cem infetados.
No ano de 2019 o Grupo Volkswagen lucrou 50 milhões por dia, dado que nos faz questionar se a empresa não tem mesmo condições de garantir a quarentena geral dos seus trabalhadores. A Autoeuropa e restantes empresas do sector recorreram ao layoff simplificado fazendo com que milhões de euros sejam desviados da segurança social para cumprir com uma obrigação que seria da fábrica. Agora vêm exigir o prolongamento do layoff simplificado e linhas de crédito ameaçando com despedimentos, depois de já terem mandado para o desemprego milhares de trabalhadores.
– Por isso dizemos que o layoff não é solução e o mesmo não deve ser renovado. O dinheiro da Segurança Social é o dinheiro de todos os trabalhadores, não é para pagar lucros de milhões à Autoeuropa e restantes empresas!
– A Autoeuropa e as empresas fornecedoras terão de garantir o tratamento e acompanhamento de todos os trabalhadores que sejam contaminados e o pagamento do salário a 100% complementando a baixa por doença, para além dos testes necessários para a prevenção de um novo foco de contaminação!
– As empresas do parque industrial que não cumpram as condições de higiene, segurança e distanciamento necessário não devem laborar!
– Exigimos também que o regresso ao trabalho seja garantido e controlado pelas organizações dos trabalhadores e não pelo governo e patrões!