Partido

5 anos Em Luta : É necessária uma alternativa revolucionária

A nossa organização em Portugal fará 5 anos, o que nos enche de orgulho. Fundámos a nossa organização no final do primeiro ano do Governo Geringonça, tendo o PS como centro e o suporte parlamentar do BE e PCP, e prometia virar a página da austeridade. A Geringonça significou a entrega das organizações dos trabalhadores aos ritmos de um governo burguês.

O significado da Geringonça

O Governo Costa “recuperou” o emprego com base nos vínculos precários e/ou temporários, continuou a elitização dos grandes centros urbanos, promovendo a especulação imobiliária, não devolveu os rendimentos e direitos cativados pela direita.

O Governo Costa foi também um Governo de ataque aos direitos dos trabalhadores. Os setores que tentaram lutar sentiram-no na pele, enfermeiros, motoristas de matérias perigosas, Autoeuropa, estivadores e também a juventude periférica negra viram como resposta à sua “insurgência” requisições civis, perseguição sindical e mediática, e repressão policial, com vista a esmagar a sua resistência.

Frente a esse Governo estivemos e estamos com a classe trabalhadora, não alimentando ilusões e impulsionando as lutas. Nos momentos mais graves posicionámo-nos inequivocamente na barricada da nossa classe. Víamos a necessidade da tarefa de explicar à classe e aos setores em luta que o Governo de Costa e seus aliados não estavam do seu lado. E que era preciso forjar na luta novas ferramentas, tanto para armar os embates imediatos, como também para o enfrentamento com o poder político. Por isso dizemos ser preciso um partido revolucionário.

A pandemia e os problemas estruturais do capitalismo

A pandemia veio demonstrar o castelo de cartas sobre o qual assentavam a recuperação que o anterior Governo apregoava. O SNS, filho da revolução, delapidado ao longo dos anos, não teve o reforço necessário, ficando por saber quantas vidas poderiam ter sido salvas se o SNS tivesse sido recuperado. Os sucessivos Estados de Emergência serviram para erguer um cerco sobre a movimentação da nossa classe, as medidas como o layoff não salvaram os rendimentos das famílias trabalhadoras, mas sim os médios e grandes patrões, tudo isto num clima de paz política em que as direções da nossa classe mantiveram o apoio às políticas do Governo.

Não por acaso, também lutamos no movimento negro para construir o 6 de Junho antirracista de repúdio ao assassinato de George Floyd. Como primeiro momento de rebeldia dentro do contexto pandémico, mais de 15 mil pessoas marcharam em Lisboa, demonstrando que a luta de classes não estava em standby, que a desigualdade racial se aprofunda na pandemia, e que o combate ao racismo é uma tarefa de conjunto contra os patrões, a exploração e a opressão.

Socialismo ou barbárie

Procuramos assim ampliar e firmar um polo combativo nas lutas, independente de quem nos governa e de quem concilia, mas político nas suas denúncias e, sobretudo, alternativo ao sistema capitalista, ao projeto da União Europeia imperialista, que desmantela a independência dos países periféricos fomentando um endividamento, mas também um perfil de produtividade deficitária que resulta em dependência periferia-centro.

Hoje está ainda mais nítido que ou se constrói o socialismo ou teremos a barbárie. Milhões são condenados à morte pelo vírus e pelas grandes farmacêuticas, recusa-se a quebra das patentes para que todos possam ter acesso igual à vacina e superar a pandemia, ao mesmo tempo que a destruição ambiental provocada pela exploração capitalista nos retira o futuro.

Os trabalhadores e o povo pobre constroem a sociedade com o seu trabalho diário. Não podemos permitir que a burguesia continue a destruir-nos. Precisamos de construir um partido revolucionário para dar um salto na organização política da classe trabalhadora. Junta-te a esta luta!

Viemos de Longe

Somos a continuação de um legado nacional, que vem desde o período revolucionário. E por outro lado, seguimos a tradição da nossa Internacional, a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) que, presente em vários países e continentes, segue a luta por uma alternativa socialista e revolucionária para os trabalhadores.

Por António Tonga