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JAMAICA: MORADORES DENUNCIAM DEMOLIÇÕES E BRUTALIDADE POLICIAL (com áudio)

Hoje, 09/11, o bairro da Jamaica acordou em estado de sítio, cercado por largas dezenas de polícias de intervenção, munidos com capacetes, fatos à prova de bala e armas, e mais uma dezena de carrinhas à volta do bairro com ainda mais polícias. O motivo da operação policial era, sem nenhum aviso prévio, demolir cafés e estabelecimentos no bairro.

O Público relata que os jornalistas não puderam entrar no bairro enquanto ocorria a operação.

A Câmara do Seixal, presidida pelo PCP, até agora nada respondeu quanto à ocorrência das demolições, e não apresentou nenhum documento que ordenasse sequer o encerramento dos estabelecimentos – muito menos a sua demolição. Os donos dos estabelecimentos, sem terem recebido qualquer aviso, sequer puderam retirar os bens que tinham no interior.

A situação do bairro tem-se deteriorado muito devido à ação criminosa da Câmara e do Estado, à letargia no processo de realojamento, e à consequente demolição do bairro, que torna a Jamaica numa zona sem infraestruturas de apoio. O dia de hoje representa um importante golpe, pois boa parte da canalização de abastecimento de água foi destruída pela Polícia e pela Câmara, deixando um misto de escombros e água parada, que fazem da Jamaica uma zona de crise sanitária, habitacional e humanitária que carece de resolução urgente!

Moradores que presenciaram a operação relatam que Hortêncio Coxi foi detido durante a operação de hoje por estar simplesmente a filmar a ação policial. O cerco policial desproporcional e ostensivo, bem como a detenção de Hortêncio, ocorrem exatamente na véspera da sessão de julgamento do caso de brutalidade policial que ocorreu no bairro em janeiro de 2019, em que Hortêncio e a sua família foram vítimas das agressões – o julgamento ocorrerá amanhã (10/11) no Tribunal de Almada.

Também hoje, além das demolições e da operação no bairro da Jamaica, houve operações policiais ostensivas na Cova da Moura e no Casal da Boba. Mais uma vez, vemos que a Polícia continua a cometer abusos e a agir violentamente nas periferias, agredindo impunemente a população racializada e imigrante que mora nos bairros. A Câmara do Seixal, por sua vez, como temos visto também noutros municípios, para além de não garantir o direito à habitação e de descumprir as promessas de realojamento das famílias, promove despejos violentos, sem aviso prévio, e com recurso à brutalidade policial, estigmatizando a população e banalizando a violência contra os moradores do bairro.

Apesar de não ter apresentado documentos que justificassem as demolições, a Câmara informou aos moradores que amanhã (10/11) haverá novas demolições.

Basta de demolições! Basta de brutalidade policial e impunidade!
Imediata resposta à situação de crise sanitária do Bairro! Responsabilização da Câmara e da Polícia pela situação desumana em que colocaram os moradores!

Ouve aqui um áudio gravado por António Tonga sobre os acontecimentos no bairro