Mas as “roupagens pacifistas” de Lula da Silva têm razões que os trabalhadores devem ousar analisar: o governo de Lula de 2023– tal como os seus governos anteriores – é a expressão da submissão e covardia da burguesia brasileira ao imperialismo norte-americano e europeu. Mas se os seus primeiros governos do início do século beneficiavam dos preços elevados das commodities brasileiras no mercado mundial, agora Lula enfrenta a sua queda generalizada e, consequentemente, os riscos de uma grande crise social e financeira Daí a importância das suas relações com as burguesias da Rússia e da China, perante quem não se pode defender o direito do povo ucraniano à sua integridade territorial.
Finalmente, a burguesia brasileira e os governos de Lula também jogam um papel de intermediário, covarde e opressor, junto de outros povos mais fracos, na América Latina (Bolívia, Paraguai, Uruguai, etc.). Um exemplo vergonhoso e revoltante foi o envio, em setembro de 2004, de tropas brasileiras para o Haiti (o glorioso país onde se deu, em 1794, a primeira revolta negra triunfante e a abolição da escravatura…) decidido pelo Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia,…) para supostamente “estabilizarem a situação interna”.
Edu Dário
Texto originalmente publicado no N.º 10 do jornal Em Luta – Abril 2023