Internacional

Lula da Silva e a resistência dos povos aos opressores

Neste 25 de Abril, nas vésperas da sessão solene organizada em sua honra pela Assembleia da República, Lula da Silva propôs ao heroico povo ucraniano a entrega de território do seu país ao exército invasor do ditador Putin. Nega assim um dos mais gloriosos momentos da história dos povos africanos, que há 50 anos impuseram uma derrota sacrificada e estrondosa ao exército invasor colonial fascista português. O povo português não pode ceder nem um palmo da sua simpatia para com a resistência ucraniana perante tal "cavaleiro da paz".

Mas as “roupagens pacifistas” de Lula da Silva têm razões que os trabalhadores devem ousar analisar: o governo de Lula de 2023– tal como os seus governos anteriores – é a expressão da submissão e covardia da burguesia brasileira ao imperialismo norte-americano e europeu.  Mas se os seus primeiros governos do início do século beneficiavam dos preços elevados das commodities brasileiras no mercado mundial, agora Lula enfrenta a sua queda generalizada e, consequentemente, os riscos de uma grande crise social e financeira  Daí a importância das suas relações com as burguesias da Rússia e da China, perante quem não se pode defender o direito do povo ucraniano à sua integridade territorial.

Finalmente, a burguesia brasileira e os governos de Lula também jogam um papel de intermediário, covarde e opressor, junto de outros povos mais fracos, na América Latina (Bolívia, Paraguai, Uruguai, etc.). Um exemplo vergonhoso e revoltante foi o envio, em setembro de 2004, de tropas brasileiras para o Haiti (o glorioso país onde se deu, em 1794, a primeira revolta negra triunfante e a abolição da escravatura…) decidido pelo Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia,…) para supostamente “estabilizarem a situação interna”.

Edu Dário

Texto originalmente publicado no N.º 10 do jornal Em Luta – Abril 2023