EDITORIAL

A democracia dos ricos na encruzilhada

Depois de 49 anos do 25 de Abril, a democracia dos ricos encontra-se numa encruzilhada. A crise social que atravessa o país vem-se transformando, cada vez mais, em descontentamento popular. Esta expressa-se com força na decadência do SNS, na luta dos professores por uma profissão digna e uma escola pública de qualidade, nos protestos contra os despejos, a especulação imobiliária e a falta de acesso a uma habitação digna, ou contra a inflação que arrasa quotidianamente a classe trabalhadora. A raiva acumula-se ainda mais ao verificar o contraste entre não haver dinheiro para assegurar as necessidades básicas de quem trabalha, mas existirem privilégios aos milhões para gestores da TAP, e casos semelhantes.

Por isso, cerca de um ano após o início de funções, este governo representa cada vez uma maioria social no país.  A direita e extrema-direita gritam alto contra o governo, enquanto esperam o desgaste do PS, para poderem subir ao poder com uma política ainda mais agressiva contra a classe trabalhadora.

A PCP e BE criticam o PS, mas não querem novas eleições pois temem aprofundar as suas crises eleitorais. Estão presos aos seus privilégios no parlamento, mas acima de tudo à falta de um projeto alternativo à democracia dos ricos. Limitam-se, por isso, a atuar como conselheiros do PS, que mais não desejam que novas Geringonças. A situação exige uma resposta à altura da classe trabalhadora, a CGTP deveria convocar uma Greve Geral por aumento de salários, mas opta por organizar processos às pinguinhas diluindo a nossa força. 

A classe trabalhadora e a povo pobre precisa de fortalecer e unificar as lutas e desenvolver um processo de mobilização que derrote o governo de António Costa. Mas este deve ser apenas o primeiro passo, pois dentro da democracia dos ricos não há alternativa para a crise social. É preciso levantar a saída da União Europeia, a nacionalização da banca e dos setores estratégicos da economia, a tomada do problema da habitação e da transição energética e ambiental nas mãos do estado, entre outras medidas sociais e ambientais como base para um programa para uma nova revolução, que inicie a construção de uma verdadeira democracia dos trabalhadores.