Os negros portugueses têm história
Portugal foi o promotor de um dos maiores crimes da história da humanidade, que culminou no sequestro de milhões de negros do continente africano. Escravizada, comercializada ou chacinada, a “carne negra” serviu para a acumulação de capital, no qual a industrialização e o capitalismo ocidentais assentam.
A presença de negros e africanos em Portugal, já no século XV, foi uma das consequências desse crime, cuja herança se manteve com a colonização. A presença da população negra tornou-se mais forte com a vinda de imigrantes africanos no pós-25 abril de 1974.
Hoje, os portugueses não têm uma só origem, tampouco Portugal tem uma só cor. Além dos negros, devemos assinalar a presença histórica de ciganos, bem como o surgimento recente de novas minoria étnicas em Portugal.
Todos aqueles que aqui vivem devem ter direito a uma vida digna, independentemente das heranças familiares ou das várias geografias (sociais, culturais e de afetos) em que se movem.
Ninguém é ilegal! Documentos para todos já!
Os sucessivos governos nunca se interessaram por resolver a questão da legalização dos imigrantes pelo simples facto de estes constituírem mão-de-obra barata, obrigados a contribuir para a economia do país sem direitos de cidadania assegurados.
Tanto os governos de direita como os de “esquerda” sempre passaram por cima deste assunto. O mais caricato é que este Governo, suportado pelo BE e PCP, veio a tornar ainda mais precária a condição dos imigrantes, na medida em que aumentou as dificuldades enfrentadas para obter a legalização, com excesso de burocracia, aumento do tempo de espera e dificuldade no acesso à informação.
Todas as propostas apresentadas pelo Governo são limitadoras e não vão ao encontro dos nossos interesses.
Estima-se que o número de imigrantes que integra a economia do país, mas que se encontra em situação irregular, seja superior a 30 mil.
Face a um Governo que visivelmente não nos representa enquanto imigrantes e enquanto negros, é necessário sair à luta pelos nossos direitos e agregarmo-nos a ferramentas que combatam o capitalismo e a exploração.
Porque o lucro não pode estar acima do direito a uma vida digna.
EM LUTA POR:
– Nacionalidade imediata para os nascidos em Portugal!
– Autorização de Residência para todos, independentemente da entrada legal ou não no país!
– Recolha de dados étnico-raciais nos Censos!
– Habitação digna e fim dos despejos!
– Justiça e fim da brutalidade da Polícia nos bairros!