Durante a pandemia e a crise económica temos visto governos que usam o racismo descaradamente para esconder as suas políticas de ataque aos direitos de povo pobre e dos trabalhadores, como fizeram Trump e Bolsonaro. Mas também os que mais disfarçadamente naturalizam e perpetuam o racismo, como faz António Costa, para quem a fissura na sociedade portuguesa não é causada pelos crimes racistas, e sim por quem não se cala e os denuncia. Não à toa, este Governo nos apresenta um Plano de Combate ao Racismo que nada propõe de concreto. É cúmplice e conivente dos crimes racistas e do discurso de ódio que matou Candé!
Não estamos nas ruas por acaso. É preciso exigir uma política de mão dura contra o racismo, com penas efetivas aos agressores e que combata a violência policial direcionada aos trabalhadores racializados, principalmente à juventude, como vimos na Quinta do Mocho, Jamaica, Cova da Moura e em tantos bairros da periferia. Exigimos a punição exemplar do assassinato de Bruno Candé e de cada crime racista! Seguiremos nas ruas também pela exigência das reparações históricas que são uma necessidade nesta sociedade desigual produto de séculos de exploração e escravatura.
Lutar junto dos explorados!
O monstruoso assassinato de Bruno Candé mostra o quanto o racismo é venenoso para a classe trabalhadora. É fundamental tomar a bandeira antirracista como uma bandeira da classe, não tolerando nem naturalizando o racismo, colocando-se inequivocamente do lado dos trabalhadores oprimidos. Para lutarmos contra os despedimentos, a perda de rendimentos e contra a austeridade, que hoje afetam toda a classe trabalhadora, é preciso combater o ódio destruidor que corrói a nossa classe, para cerrar fileiras contra o sistema capitalista, que lucra com esse ódio.
Não existe capitalismo sem racismo
O racismo é indissociável da exploração capitalista. O sistema usa-o para ter mão de obra mais barata e precária, ao mesmo tempo que tenta assustar com o medo: o medo do outro, o medo de lutar. O capitalismo não abre mão da violência sobre as populações racializadas para fomentar o ódio e o estigma: de nacionais para estrangeiros, de brancos para negros. Por isso, não temos a ilusão de que é possível resolver o racismo por dentro deste sistema. Como afirmou Malcom X: “Não existe capitalismo sem racismo”. Só a luta por uma sociedade onde a produção esteja nas mãos de quem cria riqueza com o fruto do seu trabalho poderá destruir as razões de existência da desigualdade, das opressões, das injustiças e da miséria.