A NOSSA CLASSE

Encontro Sindical “Trabalhadores atacados não podem ficar isolados” | Juntar forças para chumbar o orçamento de Costa nas ruas

Após umas autárquicas que abalaram a arrogância do PS de António Costa, o Governo prepara-se agora para defender um Orçamento Geral do Estado (OE) que não responde à realidade do país. É neste contexto que ocorrerá um Encontro Sindical que tem a responsabilidade de contribuir para a reação dos trabalhadores a mais uma declaração de guerra.

Discurso do Governo vs. realidade dos trabalhadores

Apoiado nas estatísticas do crescimento económico após desconfinamento e da redução do desemprego, o Governo tem vendido a narrativa de um país em recuperação. Infelizmente não é no mundo de António Costa que vivem os trabalhadores em Portugal. Os ritmos de trabalho intensificam-se, os salários emagrecem e os vínculos contratuais estáveis são quase ficção, num país onde a classe trabalhadora ganha cada vez menos por mais trabalho, onde se normaliza e cresce o número de trabalhadores com mais de um trabalho e onde ser trabalhador e ter um contrato já não basta para se sobreviver no limiar da pobreza.

Orçamento do Costa não serve aos trabalhadores

Após uma pandemia que demonstrou as insuficiências do capitalismo e a falta de respostas alternativas dos partidos do costume, o Governo Costa ensaia agora um teatro com a oposição para convencer os trabalhadores de que cederá em alguns pontos para melhorar o mundo do trabalho e os serviços públicos. Depois da destruição da contratação coletiva, é possível que se retroceda na sua caducidade unilateral, depois da proliferação das laborações contínuas e dos bancos de horas é possível que aumente o valor das horas extra, é possível até que se dê mais uns milhões para calar um setor tão desgastado como a saúde, ou a indignação dos que, na Função Pública, depois de anos sem aumentos, não se contentam com 0,9%. Todos estes números teatrais não resolverão a realidade dos trabalhadores em Portugal.

Construir uma rede sindical de solidariedade e resistência

Neste contexto, as direções das centrais sindicais não só não têm estado à altura, como em muitos processos se têm constituído como fortes obstáculos à mobilização dos trabalhadores para resistirem aos ataques em curso. Na banca têm sido obstáculo à continuidade das lutas contra os despedimentos, na aviação têm mantido uma linha de negociação com empresas que estão intransigentes em reestruturações que apenas servem para cortar direitos e postos de trabalho e, no global, têm mantido cada sector isolado no seu canto, ao invés de construírem uma mobilização geral e unitária contra a degradação das condições de trabalho e os despedimentos.

É este o motivo do Encontro Sindical “Trabalhadores atacados não podem ficar isolados”, que junta sindicatos, CTs e ativistas sindicais envolvidos em alguns dos principais palcos atuais de ataques aos trabalhadores. A importância deste encontro para estas organizações reflete não apenas a necessidade de uma resposta superior, mas principalmente que existem organizações dispostas a contribuir para rumos alternativos que superem os problemas atuais.

Além de uma rede unitária de organizações e ativistas democrática, independente do governo Costa e dos patrões, que supere os problemas existentes no movimento sindical, é necessário fazê-lo respondendo aos obstáculos políticos que, neste momento, se concretizam na oposição ao orçamento proposto pelo governo do PS.

João Reis