Nacional Raça & Classe

Mais um caso de brutalidade policial: basta de violência racista!

Nos últimos dias vimos circular, mais uma vez, nas redes sociais, um vídeo de flagrante brutalidade policial contra um homem negro. As imagens mostram-no a ser violentamente agredido com bastonadas e pontapés, quando já estava no chão, por dois agentes da PSP, no Bairro Alto, em Lisboa, após ter alegadamente recusado colaborar com a sua detenção.

Não é a primeira, nem a segunda, muito menos a terceira vez: são tratadas como absoluta normalidade pelas polícias as abordagens racistas, em que a violência excessiva é usada contra pessoas negras mesmo após estarem imobilizadas, de forma injustificável.

Não é uma maçã podre, nem milhares de maçãs podres o que faz com que os casos de brutalidade policial contra pessoas negras voltem a repetir-se: é o Capitalismo, com os seus estados, governos e polícias, a assentar o joelho no nosso pescoço.

As polícias e o poder político por trás delas não estão ao serviço da nossa segurança, como nos tentam dizer, mas sim ao serviço da perpetuação desta sociedade podre, onde a exploração e a opressão vivem de mãos dadas para garantir o lucro dos patrões e seus associados. É em nome de manter esta ordem social, a da exploração e da opressão, e não outra qualquer, que as polícias sistematicamente agem com violência contra os setores mais explorados e oprimidos da sociedade, e em particular as populações racializadas.

A polícia não está sozinha, entretanto, quando mesmo após Alcindo Monteiro, Jamaika, Cova da Moura, 6 de Maio, Santa Filomena, Estrela de África, Luís Giovani, Cláudia Simões e Bruno Candé, o PR Marcelo Rebelo de Sousa e o PM António Costa continuam a recusar a existência do racismo na sociedade portuguesa. Mesmo quando entre os próprios agentes há quem veja o racismo como um problema da instituição, ao qual a própria fecha os olhos, rapidamente esses elementos são afastados, como vimos com o agente Manuel Morais. A ideia romantizada de convivência racial pacífica a que tentam apelar não passa de um mito legitimador de um nacionalismo que procura invisibilizar a brutalidade da opressão racial no capitalismo. Na mesma medida em que o racismo foi e é um dos pilares da exploração capitalista em Portugal, o mito do “Portugal não racista” tornou-se uma peça fundamental desse sistema: age dentro da classe trabalhadora em Portugal como um veneno, anestesiando-a e levando-a a normalizar a barbárie no seio da própria classe e em particular os trabalhadores brancos a incorporar e reproduzir a degeneração moral capitalista.

A normalização é tão grande que se criou espaço para que na própria Assembleia da República se escutem já intervenções abertamente racistas e xenófobas de André Ventura, pelo Chega, como foi a relativa às alterações ao regime jurídico para a entrada, permanência, saída e afastamentos de estrangeiros em Portugal.

Por isso é tão importante a denúncia e o combate permanente do racismo e do capitalismo. É preciso colocarmo-nos inequivocamente do lado dos oprimidos. Apelamos ao conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras a fazerem o mesmo e a exigirem a responsabilização individual, mas sobretudo institucional, por cada caso de brutalidade policial racista!

Todo o repúdio a mais esta agressão racista! Responsabilização dos agentes e das entidades policiais!
Nenhuma  confiança nas organizações racistas e coniventes com o racismo!
Por uma luta independente e sem quartel de todos os trabalhadores contra o racismo, a opressão e a exploração capitalista!