Como se sabe, em 2019, a organização Comité de Solidariedade com a Palestina (CSP) tinha sofrido o mesmo, ao ver ser também enviada para embaixada Israelita a sua comunicação de um ato em frente ao Coliseu do recreios num concerto de Milton Nascimento. O ato tinha o objetivo de apelar ao cantor brasileiro a não atuar dali a quatro dias no Estado de apartheid israelita.
Estes atos políticos por parte da CML não foram casos únicos. Numa carta de resposta em 2019 ao CSP, a Câmara de Medina informava adicionalmente que também o fez para outros atos, informando as embaixadas da China ou da Venezuela. Vale também lembrar o facto de que o Governo Costa não hesita em retirar direitos democráticos em Portugal. Já é constante o uso da requisição civil contra greves dos trabalhadores, chegando inclusive a ilegalizar o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas. E na pandemia, o uso generalizado de Estado de Emergência, que longe de garantir as medidas da pandemia, retira os direitos democráticos dos trabalhadores.
Por isso, não podemos acreditar na hipocrisia do PS. O alegado “procedimento” de Medina é um ato político, inclusivamente ilegal, à luz das liberdades democráticas e da proteção de dados.
Pasme-se o mais incrédulo leitor ao ouvir o embaixador russo a dizer que nem ligou aos nomes que lhe foram procedimentalmente enviados pela CML, pois essa não é uma tarefa diplomática. Só acreditará nisso Santos Silva, ministro dos negócios estrangeiros, que foi notícia sobre o caso pelas afirmações feitas de que esperava que a embaixada Russa apagasse o e-mail. Estão alinhados, ela assim fez.
Rui Rio e Moedas descarregam aqui a sua hipocrisia. Em 2019, no caso do CSP, nada se ouviu da parte do PSD e da direita. Moedas, aliás, entretinha-se no Parlamento Europeu a apoiar o genocídio praticado pelo Estado de Israel, portanto, não tem autoridade alguma para falar em “Liberdade”. O PS responde ao caso dizendo que é oportunismo da direita. Certo que tem algum, mas com esta tática eleitoral, o partido do Governo não assume a sua responsabilidade e empurra para outros, querendo desviar o debate do acontecimento. Não se trata de um erro de “procedimento”, trata-se de uma opção política.
Pela garantia de todos os direitos democráticos!