No seu recente discurso de encerramento do congresso do PS, António Costa marcou a ideia de que é preciso garantir o futuro, principalmente numa vida pós-pandémica.
Precisamos de ter presente o que significa para António Costa a garantia de futuro e principalmente garantia para quem. O foco da política do Governo neste período de pandemia tem sido salvar os privados com o dinheiro público, delapidando a Segurança Social e comprometendo o futuro das próximas gerações de trabalhadores e trabalhadoras. Mesmo o sucesso da vacinação em Portugal, que foi alcançado com o mérito do SNS, diga-se de passagem, é insuficiente para conter a pandemia. E foi alcançado apesar da destruição do SNS que Costa não reverteu. E quando o primeiro-ministro se opõe à quebra das patentes das vacinas, trava a única forma de avançar rapidamente a vacinação no mundo e a resolução da pandemia.
O debate à volta das autárquicas também tem mostras importantes do que significa a garantia de futuro para o PS. A construção da cidade dos ricos implementada por Medina em Lisboa é o modelo a ser seguido, priorizando, mais uma vez, as empresas e especuladores em detrimento dos trabalhadores e do povo pobre. Não tem garantia de futuro quem não tem onde morar.
O futuro para Costa e o PS é garantir o lucro aos privados, custe o que custar. O futuro para a nossa classe é no sentido oposto.
Garantir o futuro para a classe trabalhadora passa, em primeiro lugar, por mostrar que há alternativas ao projeto do PS. Não é preciso juntar-se ao PS para impedir a volta da direita e garantir o combate à extrema-direita. Pelo contrário, estar no campo do PS reduz o futuro da classe trabalhadora a duas alternativas apenas: o PS com o apoio do BE e do PCP, ou a direita em aliança com a extrema-direita. É preciso combater o crescimento da extrema-direita e do seu discurso racista, que divide a classe trabalhadora e enfraquece os de baixo, mas esse combate só é eficaz se for no contexto de uma clara independência do Governo atual, que é o responsável pelos problemas mais concretos dos trabalhadores.
O segundo grande desafio é organizar os de baixo. É preciso organizar a luta contra a destruição da Segurança Social, em defesa do emprego e dos direitos, em solidariedade aos trabalhadores da TAP/Groundforce, da Banca, PT/Altice. Por isso, construir um grande encontro unitário que junte o sindicalismo combativo é fundamental para fortalecer a luta.
Contudo, organizar os de baixo é principalmente construir uma alternativa política revolucionária, no marco de um programa por um projeto de sociedade ao serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Para a garantia de futuro, é preciso um partido revolucionário.