Relembremos que foi o Governo Passos/Portas que vendeu a TAP a privados por tuta e meia (quando esta era a maior exportadora nacional), como Governo totalmente subserviente aos ditames da Troika/UE. Além disso, os mesmos senhores que não hesitam em livrar-se da TAP estão a favor de subsidiar privados como a Ryanair e a Easyjet.
Já o PS e o Governo Costa dizem que se têm que defender a TAP, mas fazem uma nacionalização parcial que pagou os prejuízos ao consórcio Gateway, salvando os lucros Neelman/Pedrosa, enquanto assumiam os seus buracos financeiros e apresentavam a conta aos trabalhadores. Na TAP, os trabalhadores viram-se a braços com uma pesada restruturação, com despedimentos, redução de salários, imposição de importantes perdas de direitos, tudo com muito assédio laboral e chantagem capitaneados pelo ministro das infraestruturas. Na GF, os salários estão sistematicamente em atraso, e está colocada uma insolvência que ou liquida a empresa, ou apresentará um pesado processo de restruturação.
A submissão do Governo à UE, também na aviação
Por isso, o projeto do PS não é o de uma TAP/GF ao serviço de uma aviação pública e de qualidade, mas pelo contrário prepara novas privatizações no futuro. É um projeto subordinado aos grandes lobbies da aviação europeia (Lufthansa, AirFrance/KLM e British Airways e mesmo a Ryanair) para quem a TAP é uma competidora que interessa reduzir aos mínimos. O objetivo é fortalecer as grandes empresas das burguesias dos países do centro europeu, diminuindo o peso das empresas da periferia como TAP e Alitalia.
Além disso, a subserviência do Governo leva-o a ser incapaz de romper com os ditames da UE que, em nome da concorrência, “impedem” nacionalizações e impõem duras restruturações nas empresas intervencionadas. É por isso que o ministro disse que a Groundforce não era essencial e prefere a insolvência a fazer a sua nacionalização, quando ela é determinante. Nesse sentido, a política do PS ataca os trabalhadores aeroportuários e não rompe com a submissão à política da UE.
Por uma aviação pública ao serviço dos trabalhares e da população
Os trabalhadores têm razão em desconfiar do dinheiro público que é posto na TAP sem haver um projeto que sirva os seus interesses. Mas ao contrário do que diz a direita e os novos liberais de bancada, como a Iniciativa Liberal, os trabalhadores do país precisam de uma TAP/GF públicas. Primeiro para defender os empregos nas empresas do grupo e nas tantas outras que para ele trabalham. Mas também porque a TAP/GF cumprem um serviço essencial num país que tem ilhas e que não pode depender de privados para estar conectado, além dos 4 milhões de emigrantes portugueses no mundo, que precisam de uma empresa pública tão importante em momentos, por exemplo, de fecho de fronteiras, como foi o que vivemos recentemente com o Covid19. Vale ainda lembrar que quem garante a chegada de correio, bens essenciais e mesmo transporte de doentes urgentes entre o continente e ilhas é a TAP, pois as outras só fazem o que dá lucro e não os serviços essenciais. Por isso, a TAP tem que ser gerida por trabalhadores, ao serviço dos interesses da população, e não dos privados e os critérios de mercado.
Infelizmente, PCP e BE, em vez de proporem romper com as imposições da UE, aceitam as imposições desta e, por isso, sendo críticos da insolvência, não lutam nem mobilizam pela nacionalização, que é a única solução de futuro.
Os trabalhadores da TAP/GF têm que se unir para lutar contra restruturações, qualquer despedimento e perda de direitos, mas têm de fazer a ponte com os trabalhadores de outros setores e a população em geral para recusar as imposições da UE e exigir uma nacionalização da TAP e GF que proteja empregos e garanta um serviço de qualidade à população.