A NOSSA CLASSE AVIAÇÃO

A INSOLVÊNCIA NUNCA FOI A SOLUÇÃO. RESTA AOS TRABALHADORES LUTAR E EXIGIR DO GOVERNO TRABALHO E SALÁRIOS!

A insolvência da Groundforce foi requerida pela TAP. Solicitação no mínimo bizarra, por a companhia aérea ser ela própria também dona da empresa e por ter à sua disposição dinheiro injetado pelo Governo que poderia garantir facilmente a solução para a Groundforce com o retorno desta à esfera do Estado.

O Governo e o ministro da tutela projetaram na sombra este caminho que em nada augura um bom horizonte para os trabalhadores. Resta-lhes mais uma vez, como já o fizeram este ano através das manifestações e da greve, demonstrar que a empresa é essencial e que não estão dispostos a aceitar mais austeridade.

É fundamental perceber que este processo sempre foi conduzido pelo Governo através do ministro Pedro Nuno Santos e os seus secretários de Estado, que escolheram o privado como culpado da situação. Não retirando o papel nefasto do privado para a empresa, certo é que o plano do Governo para a Groundforce coloca os trabalhadores, a aviação e – indo mais longe – o turismo numa situação bastante grave. Irá acrescentar mais trabalhadores ao exército de desempregados já existente, criando ainda um cenário para condições mais precárias e paupérrimas no setor da aviação. Tudo isto a trote da concorrência propalada pela União Europeia, os chefes de serviço.

Insolvência: liquidação ou restruturação contra os trabalhadores

A Groundforce está insolvente e daqui para a frente ou será liquidada ou, no mínimo, aparecerá das cinzas mais uma vítima dos “Planos Inevitáveis de Restruturação” com que andam a presentear os trabalhadores, dos quais a TAP foi cobaia e pioneira. Parece que nunca é demais recordar que o setor da aviação foi dos que mais impacto sofreu com a pandemia. Através dos layoffs e planos de apoio à retoma, há ano e meio que os trabalhadores da Groundforce não recebem o seu salário por inteiro, fora aquilo que a empresa ainda lhes deve e que se transformaram em créditos reivindicados aos administradores de insolvência.

Os trabalhadores da Groundforce são os maiores credores da empresa, não é a ANA/VINCI, nem a TAP, nem qualquer outra empresa. Contudo só se fala das empresas como se estas fossem entidades vazias de trabalhadores. Pobre VINCI que vem acumulando milhões e milhões desde a sua privatização, imposta a mais um governo pela Troika e UE, e que despede e vai continuar a despedir trabalhadores. Afinal a “volta ao normal” é um caminho para um mundo pior.

A mobilização é a saída para os trabalhadores

É fundamental os trabalhadores da Groundforce voltarem a ser notícia pelas suas ações de mobilização. Estes hoje têm a experiência que só assim podem ter o que lhes pertence e só assim poderão travar o plano que se avizinha e que não traz boas notícias. A insolvência decretada pelo tribunal é paradoxalmente uma insolvência política pelo papel já recordado do Governo e da UE, que tinham outras opções (como a nacionalização), mas tomaram a decisão política da insolvência com os custos que tem para os trabalhadores. Assim, a resposta da classe trabalhadora tem der ser também política e no terreno das lutas e da mobilização, como os trabalhadores da Groundforce tão bem têm dado o exemplo.

Carlos Ordaz
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