O outono inicia-se com a continuidade da guerra de Putin contra o povo ucraniano. A mobilização forçada do povo russo e os protestos contra os mesmos são expressão das vitórias da resistência ucraniana contra o ocupante e os seus avanços no terreno.
Simultaneamente, os governos da UE culpam todos os dias a guerra pela crise energética e inflacionária, que se torna mais assustadora com a aproximação do inverno. Com isto, pretendem esconder os lucros milionários e chocantes que vêm fazendo os grandes patrões da energia e da distribuição, mas acima de tudo a política dos seus governos de colocar os custos sobre quem trabalha, perante um cenário de recessão no horizonte.
Os trabalhadores não se podem deixar enganar. Devem defender a resistência armada dos trabalhadores ucranianos contra o seu ocupante e solidarizar-se com os trabalhadores russos que hoje começam a contestar Putin. Por isso, é fundamental denunciar a hipocrisia dos governos americanos e europeus que querem forçar a Ucrânia a aceitar uma paz com anexações territoriais que lhes permita (com a conivência de Zelensky e da burguesia ucraniana) explorar ainda mais o seu povo e os seus recursos.
Mas devem também começar a organizar a sua própria resistência, começando pelos lugares de trabalho e tomando as ruas. As recentes greves e lutas dos trabalhadores na Grã-Bretanha contra o aumento do custo de vida mostram o caminho. Em Portugal, enquanto vemos os nossos salários a desaparecer todos os dias, Costa salva os lucros de bancos e patrões, como bom aluno de Bruxelas. Propõe manter a perda salarial e de pensões com atualizações abaixo da inflação, quando os bens essenciais subiram 67%. É um anúncio de austeridade encapotada.
É preciso voltar ao caminho da luta para exigir aumentos acima da inflação real, controlo dos preços dos bens essenciais e habitação, bem como a renacionalização do setor energético ao serviço dos interesses da maioria da população, e não dos lucros milionários de uns poucos. Para isso é preciso construir novas alternativas combativas e democráticas nos locais de trabalho que não se contentem com as negociações de calendário de CGTP e UGT que nos trouxeram até aqui. Mas é preciso também construir alternativas políticas à direita dos patrões e à conciliação de classes de BE e PCP, e trilhar os caminhos de uma alternativa revolucionária, nacional e internacional.