Nacional

O que nos diz a corrupção no Governo

Nas últimas semanas, têm vindo a público uma série de casos de corrupção no âmbito do Governo PS. Longe de representarem novidade, os casos de corrupção são sintoma do funcionamento do capitalismo, da democracia burguesa e dos seus governos.

Falamos do caso de suspeita de intervenção da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, na obtenção de fundos europeus em favor do seu marido, mas também das buscas da PJ na Presidência do Conselhos de Ministros, por suspeita de favorecimento ilícito por parte do Secretário-Geral desse órgão, David Xavier, a uma empresa do norte do país. Por último, temos ainda o duplo conflito de interesse do novo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que é casado com a bastonária da Ordem das Nutricionistas, tutelada pelo seu ministério, e detém uma empresa de consultoria que opera na área da saúde.

Ao contrário do que é cavalgado pelo mundo fora pelos setores populistas e de extrema-direita, a corrupção não é essencialmente um problema moral; é sobretudo um problema do modo de produção e funcionamento da sociedade capitalista. A sua banalização não representa a falência do sistema, mas sim o seu carácter de classe. A extrema-direita fala de corrupção, mas é igualmente corrupta e defende o roubo “legítimo” dos patrões.

Vejamos o caso antigo do ex-primeiro-ministro José Sócrates, acusado de 31 crimes pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês. Apesar da gravidade dos crimes de corrupção, tráfico de influências e abuso de confiança, viu todos os seus crimes prescreverem. Prova-se, mais uma vez, que o capitalismo é brando com os seus, mas é impiedoso com a classe trabalhadora pobre por via de um poder judicial e tributário musculado que realça o real desequilíbrio das regras no jogo.

Os trabalhadores têm de estar na dianteira da luta contra qualquer tipo de corrupção, exigindo que sejam apurados e punidos todos os casos de corrupção. Mas a batalha contra a corrupção será letra morta, se não for vinculada à uma luta contra os autênticos comités de negócios da burguesia que são as instituições do Estado. O Capitalismo é um sistema de corrupção legalizado através do roubo da mais-valia do trabalho de todos nós, por parte de uma classe ínfima de patrões cujos representantes, procuram iludir-nos disputando quem é o porco mais imundo da pocilga. 

António Tonga