EDITORIAL

Unificar as lutas, rumo à construção da greve geral

Está instalada a crise social! São os salários e pensões que não chegam para comer, são as casas que não se conseguem pagar, mas as empresas lucram aos milhões. Apesar do crescimento da produtividade, estamos perante a maior transferência de rendimentos do trabalho para o capital deste milénio – mais do que no tempo da Troika!

O governo Costa propõe no OE2023 a legalização da redução dos salários e a austeridade encapuçada! Os trabalhadores da Autoeuropa resolveram não aceitar a intransigência, pois sabem que foi às suas custas que a filial da Volkswagen fez um dos anos mais lucrativos, enquanto os trabalhadores fazem contas para chegar ao fim do mês. Vários outros setores realizam este mês ações de luta, porque estão fartos de ser espezinhados. Está instalada também a crise energética e ambiental. Os mais jovens têm colocado na ordem do dia os lucros milionários das empresas da energia e o problema dos combustíveis fósseis. Costa mostra ao que vem, ao colocar como Ministro da Economia, António Costa e Silva, antigo CEO da petrolífera Partex, e apostar na mineração de lítio contra as populações locais. A oposição de direita e extrema-direita por trás do discurso populista tem como plano uma exploração social e ambiental ainda maior. À esquerda, a oposição “fofinha” do PCP e do BE não responde à brutalidade da crise social e ambiental. A disposição para agir dos trabalhadores e da juventude mostra que é preciso unificar as lutas, juntar esforços e construir um crescendo de ações que permitam aos trabalhadores e à juventude ganharem confiança nas suas próprias forças. Mas não podemos ficar pela manifestação pontual, de calendário, como tanto gostam a CGTP e a esquerda parlamentar. Por isso, devemos ter como horizonte a greve geral. Sabemos que estamos no início, mas que esse é o caminho necessário a trilhar para garantir um aumento de salários acima da inflação, para impor o controlo público dos preços e da habitação, para colocar na ordem do dia a renacionalização da energia ao serviço da justiça social e ambiental coletiva, e não dos lucros de uma minoria parasitária. O caminho tem de se fazer com plenários democráticos, que permitam que os trabalhadores decidam as ações a tomar. É preciso dar os primeiros passos, sabendo onde queremos chegar, independentemente das dores dos capitalistas e do Governo. Só assim poderemos recuperar a dignidade e a esperança de vencer.