Em Portugal, os 2% de aumento salarial para 2023 aprovados no início do ano tornaram-se completamente insuficientes diante da inflação esperada para este ano e que se sente a cada dia no bolso dos trabalhadores.
Não pode haver cedências às manobras da empresa
Os trabalhadores deram um importante passo com a aprovação das greves de aviso. A empresa, que não queria negociações salariais, agora para tentar evitar a greve, diz que está disposta a falar. O que não significa nenhum comprometimento de aumento para os trabalhadores. É muito importante manter e fortalecer a mobilização e organização dos trabalhadores. E ao mesmo tempo têm de estar preparados para endurecer, caso a empresa se mantenha intransigente, ou faça uma proposta abaixo das expectativas. A luta por aumentar salários de acordo com a inflação é um importante passo, devemos também reconhecer que temos de ir mais longe para inverter a lógica de um país de baixos salários, já que na Europa a VW Autoeuropa é uma das fábricas do grupo com salários mais baixos.
É preciso construir a unidade entre os trabalhadores das empresas fornecedoras e do grupo. Se a multinacional fala a uma só voz em todas as fábricas, também os trabalhadores têm de avançar na construção de ferramentas democráticas que envolvam os trabalhadores nas suas lutas e que ultrapassem as limitações daquelas representações que estão agarradas a uma cogestão que, nas periferias do grupo como no centro, tem levado a perdas para os trabalhadores.
Costa e administração da VW Autoeuropa de mãos dadas com a desvalorização salarial
Unificar as lutas e construir uma greve geral
No Orçamento de Estado para 2023, o Governo propõe uma média de 5,1% de aumento salarial. Valor abaixo da inflação, que em setembro já chegou a 10,7%. Por isso, as propostas de aumentos do governo não repõem a perda de poder de compra e legalizam a redução de salário, acentuando a crise social em curso.
Como na Autoeuropa, já há outros setores em luta, como os professores, enfermeiros, a juventude. A disposição para agir mostra que é preciso unificar as lutas, juntar esforços e construir um crescendo de ações que permitam aos trabalhadores e à juventude ganharem confiança nas suas próprias forças.
Para além do aprofundamento da nossa luta devemos ter também como horizonte uma greve geral, que unifique os trabalhadores e a juventude em luta para enfrentar o Governo e os patrões. Sabemos que estamos no início, mas que esse é o caminho necessário a trilhar para garantir um aumento de salários acima da inflação, para impor o controlo público dos preços e da habitação, para colocar na ordem do dia a renacionalização da energia. O caminho tem de se fazer com plenários democráticos, que permitam que os trabalhadores decidam as ações a tomar. É preciso dar os primeiros passos, sabendo onde queremos chegar, independentemente das dores dos capitalistas, do Governo e da UE.